12 de abril de 2012

Quinta Sardonia, no Esquinica

Neste mês de abril, a Grand Cru Campinas organizou uma degustação de vinhos espanhóis Quinta Sardonia, com tapas e jantar no Esquinica, em Campinas. Este é um restaurante com cardápio de influência ibérica. Já fui algumas vezes, e gosto muito. Os pratos são sempre muito saborosos e executados com perfeição, e a diversidade de ingredientes e temperos, sempre de qualidade, me agrada muito. Eu e minha mulher somos 'chefs amadores', e quando comemos fora frequentemente apontamos o que faríamos diferente no prato que pedimos para torná-lo mais ao nosso paladar. No Esquinica, em vez disso, temos normalmente mais idéias a copiar do que detalhes a criticar.

Foi organizada uma mesa para 18 lugares no restaurante, e além de clientes, contamos com a presença de um representante comercial da Quinta, e dos donos da Grand Cru Campinas, que tivemos a honra de tê-los à nossa frente. Conversamos bastante com eles durante toda a noite sobre o comércio de vinhos no Brasil; sobre o pedido de salva-guarda; sobre como os vinhos brasileiros evoluíram apenas após a abertura de mercado; sobre como o mercado brasileiro cresceu após a abertura; sobre como os produtores nacionais crescem em vendas ano a ano, e mesmo assim fizeram o pedido de salva-guarda; sobre as novas medidas do atual governo, semelhante à época do governo militar, de aumentar burocracia, e propositalmente causar atrasos no processo de importação com o intuito de proteger o produto nacional; sobre como o governo de hoje, outrora oposição ao governo militar, hoje tem opiniões tão similares a este.

Degustação com tapas

Fizemos uma degustação vertical do único rótulo da Quinta, homônimo, de 2004 a 2007. Para acompanhar, além de uma cesta de variados pães frescos, alguns 'tapas', como não poderia deixar de ser: uma tábua de 'fiambres y quesos', um Pa Amb Tomaquet, e uma porção de ‘patatas barcelona’. Este último consiste numa porção de batatas assadas servidas sobre linguiça com um toque de molho de tomate e cebolas, e um ovo frito por cima. Exceto pela cebola, que eu dispenso, foi o tapa que melhor armonizou com o vinho. A 'bruschetta catalã' era muito saborosa, mas não era uma boa companhia para este tipo de vinho.

A quinta é um projeto novo de renomados enólogos, Peter Sisseck e Jérome Bougnaud, com 17 hectares de vinhedos, à margem do rio Duero (o Douro, na Espanha). O representante da vinícola, Sr. José Carballo, nos deu uma pequena explicação sobre cada um dos vinhos. As uvas usadas no corte são sempre as mesmas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Cabernet Franc, Tempranillo, Malbec e Petit Verdot, só mudando a proporção, de ano a ano. A única exceção é o ano de 2006, que não possui merlot no corte. O tempo de barrica é de 15 meses ou mais, dependendo do ano. Sr. Carballo adicionou que a produção é orgânica e biodinâmica. As vinhas foram plantadas entre 1999 e 2000.

A luz ambiente era escura - o que dificultava a análise visual, mas a impressão era que todos os vinhos eram de cor rubi intenso. Todos com muito corpo, muito equilibrados, e com aromas também intensos. O vinho de 2004 parecia um pouco mais evoluído, mas ainda longe de apresentar aromas terciários. Na boca, alta acidez, alto teor alcoólico, taninos intensos, mas redondos. Muita potência, mas de forma bem equilibrada. O 2006 se distinguia mais dos outros por um aroma mais marcante de baunilha, enquanto os outros tinham notas mais tostadas, e com especiarias (cravo, pimenta do reino) e ervas.

Jantar

Após a degustação, tivemos o jantar: arroz de pato com lascas de pato e coxinha de pato crocante. Eu tenho verdadeiro fascínio por pato, logo dá pra imaginar o quanto eu apreciei o jantar! Este sim, um prato que harmonizou perfeitamente com os vinhos da noite. E acompanhando, mais vinho Quinta Sardonia!

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