Foi organizada uma mesa para 18 lugares no restaurante, e além de clientes, contamos com a presença de um representante comercial da Quinta, e dos donos da Grand Cru Campinas, que tivemos a honra de tê-los à nossa frente. Conversamos bastante com eles durante toda a noite sobre o comércio de vinhos no Brasil; sobre o pedido de salva-guarda; sobre como os vinhos brasileiros evoluíram apenas após a abertura de mercado; sobre como o mercado brasileiro cresceu após a abertura; sobre como os produtores nacionais crescem em vendas ano a ano, e mesmo assim fizeram o pedido de salva-guarda; sobre as novas medidas do atual governo, semelhante à época do governo militar, de aumentar burocracia, e propositalmente causar atrasos no processo de importação com o intuito de proteger o produto nacional; sobre como o governo de hoje, outrora oposição ao governo militar, hoje tem opiniões tão similares a este.
Degustação com tapas
Fizemos uma degustação vertical do único rótulo da Quinta, homônimo, de 2004 a 2007. Para acompanhar, além de uma cesta de variados pães frescos, alguns 'tapas', como não poderia deixar de ser: uma tábua de 'fiambres y quesos', um Pa Amb Tomaquet, e uma porção de ‘patatas barcelona’. Este último consiste numa porção de batatas assadas servidas sobre linguiça com um toque de molho de tomate e cebolas, e um ovo frito por cima. Exceto pela cebola, que eu dispenso, foi o tapa que melhor armonizou com o vinho. A 'bruschetta catalã' era muito saborosa, mas não era uma boa companhia para este tipo de vinho.A quinta é um projeto novo de renomados enólogos, Peter Sisseck e Jérome Bougnaud, com 17 hectares de vinhedos, à margem do rio Duero (o Douro, na Espanha). O representante da vinícola, Sr. José Carballo, nos deu uma pequena explicação sobre cada um dos vinhos. As uvas usadas no corte são sempre as mesmas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Cabernet Franc, Tempranillo, Malbec e Petit Verdot, só mudando a proporção, de ano a ano. A única exceção é o ano de 2006, que não possui merlot no corte. O tempo de barrica é de 15 meses ou mais, dependendo do ano. Sr. Carballo adicionou que a produção é orgânica e biodinâmica. As vinhas foram plantadas entre 1999 e 2000.
A luz ambiente era escura - o que dificultava a análise visual, mas a impressão era que todos os vinhos eram de cor rubi intenso. Todos com muito corpo, muito equilibrados, e com aromas também intensos. O vinho de 2004 parecia um pouco mais evoluído, mas ainda longe de apresentar aromas terciários. Na boca, alta acidez, alto teor alcoólico, taninos intensos, mas redondos. Muita potência, mas de forma bem equilibrada. O 2006 se distinguia mais dos outros por um aroma mais marcante de baunilha, enquanto os outros tinham notas mais tostadas, e com especiarias (cravo, pimenta do reino) e ervas.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir