Denominação de origem
Cava é um espumante espanhol, mas é também uma denominação de origem. Ou seja, para se chamar cava, o espumante deve ser produzido de acordo com critérios de qualidade regulamentados. O método de vinificação deve ser obrigatoriamente o mesmo dos champagnes (chamado método tradicional), em que a segunda fermentação ocorre em garrafa. Além disso, um Cava precisa permanecer pelo menos 9 meses com as leveduras.O corte tradicional é composto das uvas Macabeo, Xarel-lo e Parellada. Posteriormente, o Conselho Regulador passou a permitir também algumas outras castas, entre elas Chardonnay e Pinot Noir (uvas típicas do Champagne).
Diferentemente de outras denominações de origem, a D.O. Cava não se restringe a uma única região. Há diversas áreas de produção, desde Catalunha, passando por La Rioja, e chegando até a Extremadura, a sudoeste. O mapa abaixo sinaliza as regiões da D.O. Cava em retângulos amarelos.
Apesar disso, 90% da produção do país ocorre na região de Penedés, Catalunha, e sobretudo no município de Sant Sadurní d'Anoia, onde se localiza a Codorníu.
A produção de espumantes na Espanha começou em 1872, exatamente nesta Bodega, quando o proprietário da época, Josep Raventós, após se familiarizar com o método na região de Champagne, o reproduziu em solo espanhol. No entanto o termo 'cava' só surgiu em 1972, terminando com a disputa comercial com a França pelo uso da denominação 'Champán'.
Harmonização
A Bodega apresentou 4 produtos diferentes, todos brut, mas com características distintas - representando quase todas as uvas permitidas na D.O. - servidos na seguinte ordem:- Anna de Codorníu (70% Chardonnay, 30% corte clássico);
- Codorníu Clasico Brut (corte clássico);
- Codorníu Clasico Rosé (Monastrel, Garnacha, Trepat);
- Codorníu Rosé Pinot Noir (100% Pinot Noir).
O primeiro, Anna de Codorníu, foi servido junto a um ceviche de pescado branco, em que no meu caso, o chef abriu uma exceção, e o preparou sem cebolas! O espumante apresentava um aroma 'característico de champagne', como descreveu o representante da Bodega, pela presença da Chardonnay. Devido à sua maior leveza e acidez, é o produto mais adequado para aperitivos, mas é flexível e também acompanha bem refeições.
O Clasico foi servido em seguida, junto a croquetas de plátano (croquetes de banana) com queijo brie e presunto cru. Apesar de ter o mesmo teor de açúcar, parecia um pouco mais seco, devido ao aroma menos frutado. Por outro lado, era meio pesado, pois a acidez também era um pouco menor.
Na sequência foram servidas uma porção de anéis de lula empanados, e uma de bolinhos de bacalhau, e logo depois o terceiro cava, o Clasico Rosé. Eu me considero flexível quando se trata de harmonizações, e as duas anteriores foram perfeitas, mas a terceira não me caiu muito bem. Tanto a lula quanto o bacalhau causaram um gosto de metal no final de boca do espumante. Já li que esse gosto seria causado por uma reação entre o tanino (que há bem pouco no rosé, mas há) e o iodo presente em frutos do mar.
Seja o iodo culpado, ou não, o problema não ocorreu com o 'tapa' seguinte, chamado pulpo a la esquinica, que corresponde a pedaços de polvo grelhados no óleo, com vinagrete (o meu, sem). Tanto com o Clasico quanto com o Pinot Noir, que foi servido em seguida, não houve conflito na harmonização.
Mesmo assim, o melhor acompanhamento para o Pinot Noir foram as patatas barcelona, assadas com rodelas de lingüiça e cebolas fritas, e um ovo frito por cima. As patatas se saíram muito bem com os potentes tintos da Quinta Sardonia em abril, mas ficaram melhor ainda com este elegante cava rosé.
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