Já à margem do Douro, a chuva que ameaçava ainda não tinha decidido se viria ou não, e decidimos seguir a pé. Meus pais resolveram parar em um barzinho, mas algo me dizia que eu deveria seguir, e fui andando, até que encontrei a loja da Quinta do Noval ainda aberta. Perguntei se ainda estavam abertos, e me ofereceram uma degustação.
Conforme falei no meu texto anterior, de 1926 a 1976 vigorou a obrigação de que o vinho do Porto teria que ser envelhecido em caves em Vila Nova de Gaia. Durante este tempo, e até 1993, a empresa possuiu uma cave na cidade. Mas desde esse ano, diferentemente de outras marcas, optou por envelhecer seus vinhos na própria propriedade em Pinhão, na região do Alto Douro, mantendo na cidade apenas uma loja para promover os produtos.
A degustação incluiu 4 vinhos diferentes:
- Lágrima: um Porto branco, e dentre os brancos da casa, o que possui maior teor de açúcar residual. Envelhecido 4 anos, foi servido 'fresco', o que na terminologia brasileira, significa frio. Foi uma boa surpresa, como o branco do Quinta do Infantado que provei pela manhã.
- Fine Ruby: o Ruby mais básico da casa, com 3 anos de envelhecimento em barricas, antes do engarrafamento. Tinha aroma pouco intenso, mas demonstrava boa acidez.
- Black: um novo produto de Marketing da casa, feito no estilo Ruby, porém envelhecido 6 anos. É sugerido o uso com cocktails. Na degustação, servido frio como o branco, pareceu ter mais corpo, mas um pouco menos acidez que o Ruby.
- Tawny 10 anos: meu estilo preferido, com cor tijolo, e aromas predominantes de ameixas secas e amêndoas.
A loja era pequena, mas bem aconchegante, com mesas simulando barris com a marca da casa, em uma atmosfera que simula uma cave. As atendentes, sempre atenciosas, e bem humoradas. Eu já tinha recebido a dica do Arthur Azevedo (instrutor na ABS), sobre a qualidade dos vinhos da marca, e gostei muito do Lágrima, e do Tawny. Além disso, os preços eram bem atrativos, e tinham a vantagem de possuir meias-garrafas (exceto do Lágrima). Sendo assim, comprei uma garrafa do branco por €9,00, uma meia-garrafa (375 mL) do Late Bottled Vintage também por €9,00, e uma outra de Tawny 20 anos por €21,00. Estas duas últimas não foram dos vinhos que eu havia provado na degustação, mas pelos bons preços da loja, valia a pena dar um salto na qualidade. E para melhorar, a degustação em si saiu de graça.
No fim, com duas boas experiências no dia, eu mudei meu conceito sobre o Porto branco, que eu nunca havia provado, e via com certo preconceito, como sendo pouco importante, até devido ao diminuto percentual de produção deste em relação aos vinhos do Porto. Além disso, confirmei a boa expectativa que eu tinha relação aos vinhos da Quinta do Noval. Em Vila Nova de Gaia, não compre suas garrafas de Porto antes de visitá-los.
Você já provou o tawny 20 anos?
ResponderExcluir[]s
Olá, e obrigado por visitar o blog.
ExcluirAinda não provei o Tawny 20 anos. Cheguei ontem da minha viagem a Portugal. Quando o provar, escreverei a respeito.
Um abraço,
Rodrigo
Vou aguardar você provar. Vai demorar? rs.rs.
ResponderExcluirVou para Portugal em Fevereiro e gostaria de saber se vale a pena comprar, pois pelo visto o investimento não é baixo e já provei vários portos aqui no Brasil que não me agradaram, mas como já segui o seu conselho uma outra vez e com sucesso, vou aguardar você dar a indicação. "Tentei" fazer o cordeiro ao pesto de hortelã com arroz de jasmim. Meus pais e irmãos gostaram, porém, para acompanhar bebemos o Piccini Chianti 2009, pois achei com mais facilidade do que o rosé que você comeu. Como achei o Chianti com corpo mais leve o sabor do pesto de hortelã ganhou um destaque maior. Segui todos os passos que você falou, inclusive comprei o pernil no mercado igual você fez. Só não encontrei a flor do jasmim, mas usei o chá para cozinhar o arroz. No fim o resultado foi bom.
Continue postando as degustações com receitas. Adorei! O próximo da minha lista é o arroz de bacalhau e quero conseguir comprar o mesmo vinho que você tomou. Alguma indicação de onde comprar?
Uma pergunta boba, se eu postar o meu e-mail ficará exposto para outras pessoas ou só você terá acesso?
(publiquei no post errado :( )
[]s,
Não devo demorar a prová-lo, até porque o vinho, como é Tawny, já envelheceu o que tinha que envelhecer antes de ser posto à venda :).
ExcluirCom relação aos Portos, existem estilos bem diferentes. Alguns amam Ruby e odeiam Tawny, outros pensam o oposto. O Tawny é envelhecido, oxidando-se lentamente em uma barrica de carvalho. Isso significa que, quanto mais velho, menos frutado, e mais aromas oxidativos ele vai ter.
Se na sua viagem você visitar a cidade do Porto, poderá visitar diversas caves, ou o próprio Instituto de Vinhos do Douro e do Porto, que eu comentei no meu texto anterior. Então aproveite para provar diversos estilos, antes de investir em um Tawny 20 anos, e achar que tem gosto de Biotônico Fontoura!
E se tiver tempo e meio de transporte, tente visitar algum produtor no Douro. Eu fui na Quinta da Pacheca (leia o relato aqui).
Passando para o segundo assunto, que legal que gostou da receita! Minha mulher vai ficar orgulhosa! Maneirando na pimenta do pernil, o Chianti é uma excelente opção.
E quanto ao Terra Amata (o do arroz de bacalhau), ele é importado pela Decanter. No entanto, está em falta. Se não quiser esperar chegar a nova safra, um vinho equivalente é o Domaine de Saint Ser, outro rosé da Provence.
Eu o provei no Encontro de Vinhos de Campinas, e falei sobre ele aqui. O preço é equivalente, talvez um pouco mais barato, e do mesmo estilo que o Domain Sorin.
E se quiser me mandar um email privado escreva para sobrevinho@gmail.com.
Um abraço,
Rodrigo
Rodrigo, muito obrigada pelas respostas!
ResponderExcluirSe eu tiver alguma dúvida bem básica vou te escrever no e-mail do blog.