23 de outubro de 2012

Muga 2011: rosé, ou clarete?


En La Rioja se conoce como clarete al vino elaborado (...) a partir de mostos de variedades blancas, viura fundamentalmente y malvasía, con un porcentaje menor de garnacha tinta, que inician la fermentación y, sobre todo, maceran en contacto con el grano entero (...) en torno a 24 horas, dando lugar a vinos jóvenes con un poco de aguja, frescos y afrutados, cuyo color es intermedio entre el rosado y el blanco.
Miguel Ibáñez Rodríguez - La Comunicación Vitivinícola: Vino, Lengua y Traducción

Esta terça-feira, abri mais um dos vinhos que trouxe da minha última viagem à Espanha: Muga Rosado 2011. Procurando por vinhos diferentes, no supermercado mesmo, em Sevilla, encontrei este rosé clarinho, como os mais elegantes da Provence. Ao ler o contra-rótulo, percebi se tratar de algo que eu estava mesmo procurando. O vinho é feito basicamente de Garnacha (uva tinta) e Viura (uva branca), além de uma pequena adição de Tempranillo. Esta é uma característica de um vinho sobre o qual eu tinha lido antes da viagem, o clarete. Como assim? Igual ao Crios?

Não. Conforme explica o Professor Miguel Ibáñez Rodrigues, que é doutor em filologia, em seu ensaio sobre as traduções de termos vitivinícolas: enquanto na França e na maior parte da Espanha, o clarete é um vinho "quase tinto", ou um tinto muito claro, em La Rioja - onde se localizam as Bodegas Muga - o termo se refere a um vinho feito com uvas brancas e tintas (principalmente Viura e Garnacha), macerado por um curto período de tempo (até 24 horas), resultando em um rosé muito claro, quase branco.

O Muga Rosado passa por 12 horas de maceração, depois fermenta por 20 a 25 dias em tonéis de madeira, e ainda passa mais 2 meses em madeira após a fermentação, sobre as borras (lías), antes de ser filtrado e engarrafado. Apesar da semelhança com o processo de produção de claretes típico da região, ele é denominado de rosado pelos seus produtores. (Seria para se desassociar dos claretes, que apesar de populares, são mal vistos por especialistas em vinhos? Ou para evitar conflitos com a Appelation Clairet Controlée, de Bordeaux?)

O vinho tem uma cor pálida, quase como água de rosas. No nariz, apresentou um aroma floral intenso, com muita fruta (pêra, nectarina e damasco), e algo resinoso, que se esvaiu após algum tempo. Na boca, mostrou boa acidez. O álcool (13%) deu untuosidade, mas sobrou um pouco, deixando a boca quente. Acompanhou bem torradinhas com geléia de damasco com maracujá e queijo gorgonzola.

É um vinho fresco, aromático, para se consumir jovem. Mas se estiver muito jovem, como o que provei, talvez seja interessante deixá-lo respirar por uma horinha, antes de servi-lo.

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