A preparação começou na véspera. Comprei sobrecoxas de frango, com pele e osso, cortadas a passarinho. D. Cida lavou as peças com um pouco de vinagre, e as deixou marinando no tempero de um dia para o outro, na geladeira. O tempero continha alho, pimenta-do-reino, pimenta-malagueta em pó, sementes de coentro, canela e sal, tudo macerado no pilão.
No dia seguinte, as peças foram fritas em imersão, em azeite comum. Em seguida os pedaços de frango foram reservados, o azeite separado à parte, e na mesma panela, foram colocados para refogar, na seguinte ordem, pedaços de pimenta cambuci, extrato de tomate, tomate picado, salsinha, milho verde, o arroz, e por último, o frango. Tudo cozinhou até que o arroz estivesse cozido, mas ainda 'molhadinho', suculento. O azeite do frango ainda foi usado para fritar a banana-da-terra, que foi usada para fazer a farofa de banana, que não poderia faltar em uma refeição cuiabana. Ainda acompanharam o prato, feijão e uma salada de folhas.
E para beber
Eu comprei dois vinhos, para na hora verificar qual o mais adequado ao prato: Adobe Syrah e Adobe Gewürztraminer, ambos de 2011, da linha orgânica da Vinícola Emiliana, do Chile. As garrafas estavam em promoção no supermercado, a R$19,90, uma pechincha.O legal é que todos os 3 já conhecíamos a própria vinícola, que visitamos quando fomos a Santiago do Chile, em 2010. Ela aplica práticas orgânicas e biodinâmicas, além de promover práticas de agricultura socialmente responsável. Na visita que fizemos no vale de Casablanca, passamos por um campo de cultivo com videiras que disputavam recursos da terra com gramíneas e ervas, em cujos corredores haviam locais específicos em que os preparados biodinâmicos eram colocados sob a terra, onde as galinhas soltas pulavam tentando alcançar as uvas mais baixas, e mais à frente um campo de hortaliças, cercado para protegê-lo das galinhas, em um pedaço de terra cedido pela vinícola para que os funcionários pudessem praticar agricultura familiar orgânica. Eles aprendiam a cultivar os vegetais de forma orgânica, consumiam estes vegetais com as famílias, e ainda levavam o conhecimento para aplicá-lo quando voltassem pra casa na entressafra.
Harmonização
O Adobe Syrah teve 20% de vinho amadurecendo em barrica de carvalho por 6 meses, para garantir um aroma predominantemente frutado. Era leve, de boa acidez, taninos bem discretos, e aroma de frutas vermelhas, com um toque de especiarias e madeira muito discreta. Já o Adobe Gewürztraminer, com aromas de flores e frutos brancos, um teor de açúcar de pouco mais de 7g/L, e acidez significativa, não deixava transparecer que tinha 14% de álcool. Eu acho que os 15% de Sauvignon Blanc ajudavam a deixar o vinho mais fresco.Enquanto o arroz exalava a pimenta cambuci, o frango trazia notas especiadas da canela, se somando à complexidade de todos os elementos do prato. Apesar dos diferentes tipos de pimenta usados na preparação, ele não estava picante: elas apenas acrescentaram aromas. O toque de canela convidava a um gole do Syrah, enquanto a doçura da banana na farofa estava em total harmonia com o vinho branco. O Syrah não foi mal, mas definitivamente, o branco fez a refeição mais agradável. Eleito por unanimidade.
Realmente, o vinho branco harmonizou muito bem com o prato. Foi de comer e beber de joelhos.
ResponderExcluirEstou com água na boca, pois conheço muito bem essa galinhada e fiquei curiosa para saber como caiu o vinho com essa refeição. Adorei o texto, levou-me diretamente para a cozinha em Campinas.
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