9 de novembro de 2012

Semana Mesa: prova vertical do biodinâmico Gê

A vinícola Emiliana e seu importador no Brasil, a La Pastina, organizaram durante a Semana Mesa, uma prova vertical do vinho top de linha da vinícola, o , de 2006, 2007, 2008 e 2009, conduzida por José Tomas Urrutia, gerente de exportações da vinícola.



A Emiliana

Foi fundada em 1986, mas apenas em 1998 eles começaram a converter os vinhedos em cultivo orgânico e biodinâmico. A primeira safra com certificação orgânica (da IMO) foi colhida em 2001, e a de 2006 gerou o primeiro Gê com certificação de cultivo biodinâmico. Hoje, 93% dos 1112 ha de vinhedos têm certificação orgânica, pouco mais da metade já é certificada como biodinâmica. E não para por aí. A vinícola também acumula certificações de comércio justo, responsabilidade social e carbono neutro. Na entressafra e fins de semana, os funcionários cultivam hortaliças com técnicas orgânicas para consumo próprio, trabalham no cultivo de azeitonas e mel que são vendidos com a marca da Emiliana (mas cujos lucros são revertidos exclusivamente para os próprios funcionários), ou ainda fazem trabalhos artesanais com palha e lã de alpaca com apoio da bodega.
Eu já visitei a vinícola, em 2011 com minha mulher e sogros. Foi uma experiência enriquecedora e agradável a todos. Vimos de perto os vinhedos de cultivo orgânico e biodinâmico, quando nos foi mostrada a ação das plantas e das galinhas - que andavam soltas entre os vinhedos - no combate a pragas; vimos como se aplicam no solo os preparados biodinâmicos; visitamos as hortaliças e apiário (este último, bem de longe!); provamos uvas do pé, e terminamos com um belo piquenique com vinhos, pães integrais recém saídos do forno, frutos secos, queijos, fiambres, o azeite produzido pelos funcionários. Recomendo fortemente a visita à vinícola àqueles que forem a Santiago do Chile.


Degustação

O é feito com uvas do Vale de Colchagua, 100% de vinhedos biodinâmicos com certificação, em um corte de Syrah, Carmenère e Cabernet Sauvignon, sendo que a proporção de Syrah foi diminuindo ano a ano, em favor da Cabernet Sauvignon. Apenas em 2006, há também uma pequena quantidade de Merlot. É fermentado com leveduras nativas (requisito da certificação biodinâmica), e passa ao menos 15 meses em barricas (tanto novas quanto de 2° uso), com fermentação malolática; e ainda passa mais um ano em garrafa antes de ser disponibilizado no mercado.
A expectativa de guarda dos vinhos é de 15 anos, e de fato pôde ser comprovado que todos estão muito jovens. O de 2006 começa a apresentar um reflexo mais granada, mas mesmo nele, a cor é rubi intenso, com quase nenhum halo aquoso. Os aromas de especiarias doces, baunilha, caramelo, buttertoffe e frutas maduras são comuns a todos. Os taninos são intensos, mas macios, e a acidez também é alta, a ponto de não deixar sobrar nem uma ponta dos 14,5% de álcool. No entanto, também não se destaca, sobrepujada pelo paladar adocicado.
Quanto às diferenças, os aromas tostados se mostraram mais nítidos nas duas últimas safras, enquanto a de 2007 apresentava aromas de frutas mais frescas, acompanhadas de um toque de pimenta. A de 2006 tem os taninos mais macios, e o aroma apresenta frutas quase em compota.
Seja qual for a safra, é um vinho superlativo, sem dúvida, do tipo que deve agradar Robert Parker. No entanto, para o meu humilde paladar mundano, ele se torna um pouco cansativo. Das quatro safras, a que mais me agradou (assim como à maioria dos presentes) foi a de 2007, que apresentava um equilíbrio maior entre a acidez e os aromas adocicados. José Urrutia contou que a colheita de 2007 apresentou condições climáticas ideais, permitindo a maturação mais adequada das uvas. Eu aponto ainda que foi o corte com maior percentual de Syrah (61%) em comparação com os outros anos. No entanto, apenas as safras de 2008 e 2009 são comercializadas no Brasil, ao preço de R$240.
Se existem vinhos para acompanharem comida e vinhos para refletir, este se encontra no segundo grupo. Mas me apreciam mais os vinhos das linhas Novas, e Adobe, que são menos cansativos. O Adobe Syrah, eu tomei há 5 dias, acompanhado de galinhada. Já o Novas, provei em 2011, em minha visita à vinícola, e trouxe algumas garrafas. São vinhos mais fáceis de beber, e mais em conta.

2 comentários:

  1. Luis Inácio14 novembro, 2012

    Eu também visitei a vinícola e na ocasião como estávamos com um grupo grande tivemos um almoço para acompanhar a nossa degustação.
    Gostei da "filosofia" da vinícola e do modo como as uvas são cultivadas.
    Dos Chilenos os vinhos da linha Adobe da Emiliana são os que apresentam um bom custo benefício e o que costumo comprar.

    Também estive no mesmo evento que você e participei da mesma degustação. As nossas opiniões são muito parecidas. Neste momento estou caminhando para comprar vinhos com menos gosto de madeira, por isto, estou indo na direção dos vinhos verdes e rose, principalmente os roses franceses.
    Estou comprando alguns dos que você já descreveu nos posts anteriores. Se tiver mais dicas, por favor, publique. Principalmente as que o custo benefício é bom.

    Valeu cara, continue escrevendo.

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    1. Olá Luis,

      Vinhos Verdes e rosés da Provence são dois estilos que também adoro, e infelizmente têm muito pouca oferta no Brasil. Os brasileiros tendem a ter preconceito com relação a esses vinhos, mas eu tenho feito minha parte em desmistificá-los, e tenho tido êxito, demonstrando a amigos e parentes que eles também podem ser bons.
      Espero que goste dos vinhos que comprou, e continue seguindo o blog, pois com certeza continuarei a publicar outras dicas de bom custo benefício.

      Um abraço.

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