Da minha viagem a Montevidéu, trouxe uma garrafa rara: um Uruka Tannat Roble 2009, que comprei no Museo del Vino, uma boutique/bar no casco antiguo da cidade, por U$350, o que dá mais ou menos R$35,00. Miguel, que me atendeu, me disse à época que era de uma vinícola orgânica de sociedade de um enólogo sulafricano, que no entanto tinha desistido do projeto, e retornado a seu país. Esta tinha sido a última safra que lançaram no mercado.
É uma pena que o projeto não tenha continuado. Eu valorizo uma produção orgânica, sem pesticidas, com uvas colhidas manualmente, fermentadas com leveduras nativas (do próprio ar); representa um produto mais natural, mais puro, e portanto mais saudável. Além disso, em um mercado que privilegia vinhos bombados, este com apenas 11% de álcool mostra que teor alcoólico não é medida de qualidade.
Este vinho passou por fermentação malolática em barricas de carvalho, seguida por 8 meses de amadurecimento em barricas, e mais 6 meses em garrafa, antes de ser colocado a venda. Miguel, da boutique, me garantiu que o vinho deveria evoluir nos próximos 5 anos, mas eu preferi não pagar para ver.
Eu o servi junto a medalhões de filé ao molho de redução de vinagre de Jerez com cogumelos de Paris, acompanhado de um spaghetti al limone. O vinho tinha corpo leve, e taninos bem destacados, o que o filé ajudou a resolver. A acidez era adequada, e no aroma, o tostado da barrica se sobressaía um pouquinho às frutas negras - e neste ponto, o molho da redução de Jerez, que trazia notas de caramelo e ameixas secas, se integrou bem ao vinho. No fim, creio que o vinho casou bem com o prato principal (nem tanto com o acompanhamento), mas provavelmente eu devesse ter guardado o vinho por mais alguns anos.
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