28 de dezembro de 2012

Particella 68 Brut DOCG

Em aquecimento para o fim de ano, tomamos o Prosecco Particella 68 Brut DOCG, da Cantine Sorelle Bronca. A vinícola, familiar, foi fundada nos anos 80 por duas irmãs, inspiradas pela paixão do pai vinicultor. A propriedade fica localizada na região de Valdobbiadene, considerado o berço do Prosecco, e suas uvas são cultivadas com técnicas orgânicas, incentivando a biodiversidade, sem remover a vegetação que se forma junto às vinhas, usando exclusivamente vegetação em decomposição como fertilizantes, e sem irrigação do solo. Garantem que isso leva as vinhas a terem raízes muito mais profundas, aportando mineralidade às uvas. Na vinificação, optam pela fermentação espontânea, com leveduras indígenas, e utilizam prensagem dos cachos inteiros.

O nome do espumante vem do número da parcela de terra (registrada em cartório) de onde vem a totalidade das uvas utilizadas na sua produção. É uma parcela de encostas entre 250m e 320m sobre o nível do mar, orientadas ao sul - que no hemisfério norte garante mais exposição ao sol - e com grande ventilação. A totalidade das uvas é vinificada em um único tanque, pelo método Charmat, isto é, a segunda fermentação é feita em tanques de aço. As uvas são do tipo Glera (antigamente conhecida como Prosecco), com adições de 5% de Perera e 5% Bianchetta Trevigiana, duas outras variedades autóctones.

Este Prosecco é importado pela Prima Vinhos, uma pequena importadora comandada por uma família de origem italiana, que viaja constantemente à terra natal em busca de vinhos raros e de qualidade. Eu conheci a importadora, assim como o seu portfólio em uma degustação promovida na ABS Campinas. Tão logo Thais tomou o primeiro gole, escreveu em uma folha pra mim: 'eu quero!' O preço de mercado é R$120,00, mas na ocasião, obtivemos um bom desconto.


O espumante é amarelo palha, com 9g/L de açúcar, e 11,3% de álcool. Os aromas predominantes são de pêra e frutas tropicais. Na boca, o açúcar é perceptível, apesar de se tratar de um brut. Enfim, é um autêntico Prosecco, com todas as características que o fazem o estilo de espumante mais vendido no mundo. Tomamos o vinho acompanhado de queijos brie, gorgonzola, geléia de damasco, e pão italiano, em todas as combinações possíveis. E com todas elas, o Prosecco é boa companhia. Se por um lado, 'queimamos' o espumante, tomando-o antes da virada do ano, por outro lado, ele tornou a noite de 28 de dezembro muito especial!

O Prosecco

Prosecco era originalmente o nome da uva utilizada para se fazer o espumante, e por extensão, virou também o nome do produto. Com o sucesso, a uva foi levada aos diversos cantos do mundo, e diversos produtores se utilizaram da popularidade do produto para vender seus espumantes. Com o intuito de proteger a reputação do próprio produto, em 1969 a Itália criou a Denominazione di Origine Controllata, e em 2009 duas sub-regiões ganharam a Denominazione di Origine Controllata e Garantita (DOCG) (Valdobbiadene é uma delas). No entanto, o fato de a uva também ter o mesmo nome abria uma brecha legal para outros produtores exporem o nome em seus rótulos. Por isso, desde 2010, a uva foi oficialmente rebatizada de Glera.

A legislação internacional garante que as regras de áreas demarcadas de produção devem ser cumpridas por todos os países signatários, no entanto novas restrições podem levar algum tempo até serem efetivadas em todo o mundo. No Brasil, mesmo, ainda há vários produtores que utilizam o termo em seus rótulos.

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