2 de dezembro de 2012

Pinot Grigio branco versus rosé

A Pinot Gris, também conhecida como Pinot Grigio, fez bastante sucesso nos últimos anos, primeiro nos Estados Unidos, e subseqüentemente, no mundo todo. A 'pinot cinza' é de origem francesa, da mesma família da Pinot Noir (tinta) e da Pinot Blanc (branca), apresentando uma pigmentação intermediária em relação às outras duas. Mas creio que se popularizou mais pelos vinhos do nordeste da Itália, do que pelos de sua terra natal, motivo pelo qual ela é mais conhecida pelo nome italiano.

Apesar da casca rosada, ela normalmente é usada para produção de vinhos brancos. Alguns poucos produtores também fazem vinhos rosés, mas são raros. Um desses poucos é a Cantina Torresella, da região do Vêneto. Seus vinhos Torresella Pinot Grigio, nas versões brannco e rosé, eram vendidos no Pão de Açúcar a R$32,90 no início do ano, e rapidamente saltaram a R$38,90, o que imagino reflita um sucesso de vendas. Quer dizer, apesar de serem sempre vendidos pelo mesmo preço, acho que o rosé não acompanhou o mesmo sucesso, pois o branco já está na nova safra há meses (2011), enquanto o supermercado segue tentando desovar os rosés de 2010.

Eu já comprei dos dois algumas vezes, e acho bons vinhos, leves e frescos, equilibrados, com aromas em média intensidade, o que os torna mais fáceis de harmonizar com diversos tipos de pratos. Mas fico esperando promoções, pois creio que são uma boa compra abaixo dos R$35,00.


Literalmente às cegas

Eu quis fazer um exercício de comparação entre os dois vinhos, a olhos vendados, para tentar avaliar se realmente um apresentava aromas de frutas brancas, enquanto o outro, de vermelhas; ou se a cor que influenciava na 'escolha' dos descritores olfativos.

Eu gostaria de ter feito essa comparação com todos os vinhos na mesma safra, mas como está demorando demais para chegar a nova safra de rosés, acabei realizando o experimento com o branco 2011 e o rosé 2010, mesmo. Eu servi 3 taças de cada, e após vendar meus olhos, minha mulher os embaralhou, e enumerou; entregando-me de um em um, para que eu pudesse fazer as análises olfativa e gustativa.

No final, não identifiquei aromas de frutas vermelhas em nenhum taça, e acertei apenas duas. O experimento me permitiu concluir duas coisas: primeiro, que sem o estímulo visual, não era possível distinguir aromas de frutas vermelhas no rosé. E em segundo, posso afirmar que a safra antiga ainda está boa para consumo; apesar de a sua cor já começar a mostrar sinais de evolução (começando a mostrar reflexos acobreados), no gustativo, ainda se encontra em boas condições.


Harmonização

A degustação ocorreu na casa de um casal de amigos, onde posteriormente comemos um salmão recheado com shimeji, feito no Empório Nashi. São duas peças de salmão, e entre elas fica o recheio de cogumelos e molho tarê. Isso tudo é assado no forno, envolto em papel alumínio. O empório prepara esse prato sob encomenda, e vale muito a pena.

O prato me permitiu fazer mais um teste: o rosé e o branco se comportam de forma diferente junto ao salmão? Eu tinha dúvidas quanto à viabilidade do rosé. Isso porque, apesar de muita gente recomendar vinho rosé com salmão pela afinidade da cor, o salmão é o peixe que mais reage negativamente aos taninos das uvas, causando um desagradável gosto metálico na boca; e o rosé, para pegar cor, necessariamente precisou passar por um período com as cascas, o que provavelmente lhe teria dado também um pouquinho de taninos.

E não deu outra, o Pinot Grigio rosé "reagiu" negativamente com o salmão, enquanto o branco ficou perfeito. Portanto, mesmo que no aroma e no sabor fossem inicialmente similares, bastou colocar um pedaço de salmão à boca, para notar a diferença. Mas sem problema, para o salmão, havia o branco.

Ah, e a noite terminou com um delicioso brigadeiro gelado, oferecido pela nossa anfitriã. Obrigado, Drica!

3 comentários:

  1. De nada!!!! vocês são SEMPRE bem vindos!!!!

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  2. Cada dia esse blog fica melhor. Parabéns Rodrigo.
    Laice

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    Respostas
    1. Obrigado, Laice!
      Gosto muito de escrever, e fico feliz com a boa repercussão dos meus textos.
      Um abraço.

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