Nos textos anteriores, descrevi a presença em massa na feira Vinho e Sabores de Portugal de produtores da Beira Interior.
Mas a feira não se resumiu a eles. Também na Beira, porém perto do Atlântico, a Bairrada já é bem mais conhecida. Ela esteve representada pela Adega de Cantanhede, uma cooperativa que conta com 1400 associados, e representa mais de 25% da produção da região, o que a deixa na posição de maior produtora da Bairrada. A Adega de Cantanhede aposta nas castas da região, principalmente Baga, Touriga Nacional e Tinta Roriz entre as tintas; e Bical, Maria Gomes e Arinto entre as brancas.
A adega comercializa seus vinhos pela marca Marquês de Marialva. Já fechou acordo com a importadora Santar, que inclusive enviou um representante à feira, para acompanhar a equipe da Adega. Os produtos devem chegar ao mercado nacional em 60 dias, e vêm com excelente valor de mercado - incluindo algumas opções abaixo dos R$30,00 - mostrando mais uma vez a ótima relação custo-benefício que os vinhos portugueses têm no Brasil.
A Adega de Cantanhede trouxe para a feira 2 brancos. O primeiro que provei foi o Colheita Selecionada Branco 2012: um corte com Bical, Maria Gomes e Arinto. Tinha cor amarelo palha, e um aroma cítrico e floral, lembrando o limão siciliano. Leve, e muito saboroso. O preço estimado é de R$25,00. Espero ansiosamente a oportunidade de poder apreciá-lo novamente, por este preço.
O segundo vinho foi o Arinto 2011, varietal em que 30% foi fermentado em barricas de carvalho. Como resultado, apresenta alguma untuosidade e aromas da madeira, mas se destaca pela acidez e frutas frescas, tanto frutas de caroço quanto cítricas.
Entre os tintos, o primeiro foi o Colheita Selecionada Tinto 2009, feito em um corte com as 3 castas tintas já citadas, e passa 6 meses em barricas, mesclando carvalho francês e americano. Apresenta predominância de aromas de frutas vermelhas, e notas de baunilha do estágio em madeira. Tem corpo médio, taninos firmes, e boa acidez. Também tem preço estimado de R$25,00, ótima opção para o dia-a-dia.
Como a Baga é a casta mais emblemática da região, não poderia faltar um varietal dela. Baga 2009 passou por maceração pós-fermentativa prolongada, por 20 dias, ajudando a extrair ainda mais o caráter da uva. Em seguida, estagiou 9 meses em madeira. Destacou-se por muita acidez e taninos, como era de se esperar, e por isso pede um prato gorduroso para acompanhá-lo, como o tradicional leitão à Bairrada. Deve ser vendido no Brasil a R$45,00.
O topo de gama da linha é o Grande Reserva 2008, que foi feito com Baga e Touriga Nacional apenas de vinhas com mais de 30 anos. Passou 12 meses em barricas de carvalho francês, e mais dois anos em garrafa antes de ser lançado. É um vinho cheio, encorpado, com aromas de frutas maduras e chocolate. Está pronto para ser apreciado, mas também pode ser guardado por alguns anos. Chegará ao mercado brasileiro a R$120,00, o que o torna um pouco caro para o consumidor médio, mas é uma excelente opção para a faixa de mercado a que se destina.
A Bairrada é a região mais tradicional na produção de espumantes em Portugal, e por isso não poderia faltar desse estilo na feira. A Adega de Cantanhede produz 3 versões, todas pelo método tradicional, que também estão vindo para o Brasil. Há o Baga Rosé Bruto - feito exclusivamente de Baga, com 6 meses de autólise na garrafa; e as versões bruto e semi-seco Reserva, espumante branco feito com Arinto, Bical, Maria Gomes e Baga, com 12 meses em garrafa. A única diferença entre as duas versões está no licor de expedição. Provei na feira o bruto, que é encorpado, com textura cremosa, mousse intensa, acidez marcante, e aroma predominantemente frutado.
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