29 de junho de 2013

Encontro de vinhos Campinas 2013: Aspirant Bouschet

Na última edição do Encontro de Vinhos em Campinas, um dos estandes que mais atraiu a atenção de curiosos foi de uma pequena importadora, com base em Campinas. A La Cristianini é uma nova importadora, no momento com apenas 3 fornecedores, e veio representada pelo Marcelo, sócio-proprietário.

O vinho que atraiu a atenção veio de seu fornecedor argentino, a Bodega Garavaglia, pequena vinícola familiar de Mendoza. O vinho se chama Invasor 2009, e o motivo que atraiu tanto a atenção foi uma variedade bastante rara que faz parte de seu blend: Aspirant Bouschet. A Alicante Bouschet é bastante conhecida em Portugal, mas essa Aspirant, eu nunca tinha ouvido falar - e provavelmente, ninguém na feira.


Pesquisando posteriormente, descobri que as duas variedades são "irmãs", ambas produzidas em laboratório pelo pesquisador francês Henri Bouschet, especialista em cruzamentos para desenvolvimento de novas variedades. Assim como a Alicante, a Aspirant Bouschet também é tintureira, isto é, possui polpa com pigmentação de cor.

O Invasor 2009, leva 70% de Malbec, e 30% de Aspirant Bouschet. Posso dizer que é um vinho pra se aerar. E põe aerar nisso. É denso, com cor violeta densa, bom corpo e aroma um pouco fechado. Senti frutas maduras, e um tostado da passagem por barrica (14 meses), mas não identifiquei o gengibre e mentolado que me foi prometido. Acho que era até difícil apreciá-lo na feira, em pé, após provar tantos outros vinhos. Esse é o tipo de vinho que precisa de tempo para se abrir plenamente.

Referências

A Aspirant Bouschet é uma variedade muito rara, quase extinta; e por isso é muito difícil encontrar algo a seu respeito. Seguem as poucas referências que encontrei:

Encontro de Vinhos Campinas 2013: Fermasa

Eu já tomei vários vinhos argentinos, antes, quando eu tomava o vinho sem prestar muita atenção, antes de fazer cursos na ABS Campinas SBSomm. Eram vinho baratos, de supermercado, e eu gostava bastante, pelo menos dos tintos. É, os brancos eu costumava achar enjoativos, com aromas 'doces demais'.
Com os cursos, aprendi que essa é uma característica comum aos vinhos argentinos, e do Novo Mundo em geral, tanto de vinhos tintos, quanto de brancos. Quanto aos tintos, não costumava me incomodar, e eu gostava deles mesmo assim, mas os Chardonnays com aquele gosto de abacaxi passado - que você comprou fatiado na feira, colocou em uma vasilha dentro da geladeira, e se esqueceu dele por duas semanas - eles eram intragáveis. E os Sauvignon Blancs, que pareciam suco Maguary de maracujá com um quilo de açúcar, não serviam nem pra fazer risoto.
Com o tempo, passei a não me interessar muito por vinhos argentinos (e do Novo Mundo em geral). Mas neste último Encontro de Vinhos, meio que por acaso, tive um reencontro com os vinhos do país.


Barrica Negra / Fermasa

Por fim, devido à minha preferência por importadores de nicho, fiz também uma visita ao stand da Barrica Negra, importadora do grupo Fermasa Bodegas & Viñedos, que produz vinhos na região de Luján de Cuyo, Mendoza.
Sua motivação foi retirar o atravessador, para poder chegar ao mercado com preços mais competitivos. E realmente, conseguiram preços muito bons. Só como exemplo, a linha Baladero possui vinhos com preços entre R$26,00 e R$28,00 (preço de venda direta ao consumidor), inclusive um Chardonnay com estágio em barrica.
A vinícola fica localizada na Ruta 7, estrada que leva ao Chile, e é a última bodega antes da cordilheira. Possui apenas 10ha de vinhedos, com altitudes dos 700 aos 1500 metros sobre o nível do mar!

    Baladero Chardonnay 2012: com boa acidez, com aroma de frutas maduras sem excesso, e toque de madeira sutil (10 semanas). O teor alcoólico de 12% é uma pista de que não colhem as uvas sobremaduras. E conforme disse anteriormente, custa apenas R$28,00.
    Baladero Espumante extra-brut 2011: feito com Chardonnay pelo método Charmat: segunda fermentação em tanques de inox, por 14 dias. R$39,00.
    Baladero Cabernet Sauvignon 2007: com estágio em barricas de 2º e 3º usos, entre 4 e 6 meses. E custando apenas R$26,00, foi eleito 5º colocado em uma degustação às cegas, ocorrida entre especialistas, antes do início da feira. Tem boa acidez, taninos bem domados, e aroma característico da casta, com frutas vermelhas, e uma ponta de 'pirazina'.
    Jerarquia Malbec 2007: o carro chefe da casa, provenientes de vinhas com rendimento de 2,5Kg por planta, e 2 anos de estágio em barricas de 1º uso. Mais ao estilo argentino, é encorpado, potente, alguns até poderiam dizer um pouco 'bombado' (14,5% de teor alcoólico). Mas é redondo, floral e frutado, fácil de beber.
    Vinserus 2007: vinho de sobremesa, feito com uvas Malbec provenientes de colheita tardia, com 14,5% de teor alcoólico. É um vinho gostoso, relativamente barato, mas neste quesito creio haver opções no mercado com melhor relação custo-benefício. A garrafa de 500mL está a R$34,00.


Encontro de Vinhos Campinas 2013: Vinhos Verdes longevos

No último Encontro de Vinhos, os Vinhos Verdes tiveram uma aparição discreta, porém digna de nota. Foram apenas 4 rótulos, trazidos pela IdealDrinks, importadora que faz parte de um grupo português que, não por acaso, é dono das marcas apresentadas na feira.

Foram dois Alvarinhos da Quinta da Pedra, propriedade localizada na sub-região de Monção e Melgaço - onde a Alvarinho é a principal qualidade de uva. E os outros dois, da marca Paço de Palmeira, utilizam exclusivamente a casta Loureiro.

Só para contextualizar quem ainda não conhece, Vinho Verde é de fato apenas uma Denominação de Origem dentre as várias de Portugal. Esta Denominação abrange a região do Minho, ao norte do país. O estilo desses vinhos, em 99% dos casos, reflete a tradição da região: acidez acima da média, freqüentemente, mas não sempre, associada a um teor de açúcar residual razoavelmente maior para equilibrá-la; níveis de álcool menores (11% ou menos); e a agulha, uma pequena quantidade de gás carbônico, que ajuda o vinho a ficar ainda mais refrescante.

Eles são normalmente feitos para serem bebidos jovens. Uma freqüente exceção são os vinhos feitos de Alvarinho, que só recebem a DOC se forem produzidos na sub-região de Monção e Melgaço. Neste caso, os níveis de álcool mínimos exigidos são maiores, e são mais secos.

Porém, o que distingue os vinhos trazidos pela IdealDrinks são o fato de não corresponderem aos 99% dos Vinhos Verdes. Mesmo os dois feitos com Loureiro têm 12,0% ou mais de álcool, não têm agulha, são completamente secos, e têm expectativa de 8 anos ou mais de longevidade. Além disso, um deles descansou sobre as borras, e outro passou por carvalho.

Encontro de Vinhos Campinas 2013: Chez France


Na primeira edição do Encontro de Vinhos Campinas, eu conheci a Chez France, especializada em vinhos de toda a França. Assim como no ano passado, Guillaume, francês e consultor da importadora, veio representá-la no evento. Conversamos sobre o vinho da uva Aligoté, que havia provado no ano passado. Aligoté é uma uva pouco valorizada, sempre à sombra da irmã Chardonnay, porém pode gerar vinhos excelentes, normalmente com preços mais baixos. O estoque deles atual acabou, mas a próxima carga já está no porto, segundo me falou, e estará disponível em um mês, se não houverem greves no porto, e eles conseguirem escoar a fila de mercadorias (olha o Custo-Brasil). Espero ansiosamente.

Encontro de Vinhos Campinas 2013: Weinkeller

A segunda edição do Encontro de Vinhos em Campinas ocorreu neste sábado, e contou com diversos produtores e importadores, que dispuseram à degustação centenas de vinhos, de todos os tipos. E a julgar pela quantidade de pessoas que saiu com caixas de vinho debaixo dos braços, foi um ótimo negócio para todos. Diversos expositores aproveitaram a chance para vender diretamente aos consumidores, às vezes oferecendo descontos substanciais.

Um dos expositores que eu mais queria conhecer era a importadora Weinkeller. Recentemente, andei aprendendo e bebendo mais sobre vinhos alemães, principalmente sobre a sua estrela: a uva Riesling. E como gostei do que provei, só fiquei mais curioso e com mais vontade de conhecer mais.

23 de junho de 2013

Sociedade da Mesa - 1º semestre 2013

No início do ano, postei minhas impressões sobre vinhos da Sociedade da Mesa, fazendo um balanço do que havia recebido do clube até então. Passados mais 6 meses, e já que estou avaliando dois clubes, achei interessante publicar logo sobre os vinhos deste primeiro semestre, analisando a qualidade daqueles que optei por receber.

16 de junho de 2013

Poule campagnarde au vin

Sabe esses dias em que você não quer saber de beber? Bom, eu, pelo menos, tenho desses dias. E foi justo no dia que a chef Thais resolveu fazer um coq au vin: um prato francês altamente elaborado, que tem tudo a ver com vinho. Primeiro, porque é preparado usando vinho, e em segundo, porque é a harmonização mais clássica para vinhos tintos da Borgonha. Mas, neste fim de semana, o vinho foi todo na comida.

Não precisamos utilizar nossos melhores vinhos para cozinhar, mas também não podemos usar um vinho ruim, imbebível, pois estragaria o prato. Como participo de clubes de vinhos, nem todos os que recebo me agradam tanto assim. Estes, costumo destinar a outros fins, como foi neste caso. O vinho Menciño veio pela Sociedade da Mesa. Um vinho simples, sem muita pretensão, com corpo mediano, sem passagem por madeira. Até dava pra tomar, mas tendo vinhos melhores pra beber, e precisando de um pra cozinhar, este foi selecionado para compor o prato.

9 de junho de 2013

Risoto mineiro

Minha mãe tinha uma receita que estava doida para fazer neste fim de semana. E como a Thais é campeã no preparo de risotos, comandou o preparo. Era um risoto mineiro, com cachaça, linguiça calabresa (pelo menos era pra ser), banana da terra e ora-pro-nobis.

8 de junho de 2013

Muga Rosado e frango ao molho de iogurte e hortelã

No ano passado, trouxe da Espanha uma garrafa do Muga Rosado 2011, que me conquistou primeiro na prateleira pela sua cor elegante, e depois na taça, pela seu sabor persistente e refrescante (leia aqui). Só que infelizmente, depois que provei e gostei, descobri que não conseguia encontrar do vinho aqui no Brasil. A safra 2010 tinha se esgotado, e a 2011 ainda não tinha chegado. Pois finalmente, ela chegou! Comprei duas garrafas na Wine.com.br, por R$55,00 cada. Com a demora com que chegou aqui, o vinho não está mais tão exuberante quanto o que tomei há 9 meses. Mas ainda está muito bom, fresco e saboroso.

5 de junho de 2013

Degustação comparativa de Rieslings


A Riesling é tida pela maioria dos críticos de vinho como a melhor uva branca para se obter vinhos de grande complexidade, estrutura e longevidade, a despeito das famosas Chardonnay e Sauvignon Blanc. No entanto, não é tão popular entre os consumidores, provavelmente por ser de origem alemã, país que carrega a imagem negativa dos Liebfraumilch.

A casta tem grande resistência ao clima frio, sendo por isso tão adaptada às principais regiões vinícolas da Alemanha, às margens do rio Reno. Ela é a principal variedade daquele país, e também na Alsácia, região francesa que fica à margem contrária do mesmo rio. Mas devido à grande estrutura, tem-se obtido bons resultados com ela em regiões mais quentes, notoriamente no novo mundo.

2 de junho de 2013

Vinha do Bispado Reserva 2010


Conheci o Vinha do Bispado Colheita Selecionada 2010, em uma remessa que recebi da Sociedade da Mesa, no ano passado. E no final daquele ano, me deparei com o vinho em promoção, em um supermercado BH, onde fui passar o natal com a família.

Outro dia, sabendo que meus pais viriam me visitar, pedi que procurassem o vinho no supermercado, e me trouxessem umas garrafas. Meu pai me telefonou do mercado, pois estava em dúvida: havia o Colheita Selecionada 2010, por R$29,90; e o Vinha do Bispado Reserva 2010 por R$39,90. Bom, eu conheço só o primeiro, mas traga uma garrafa do Reserva, para eu provar!