29 de junho de 2013

Encontro de Vinhos Campinas 2013: Vinhos Verdes longevos

No último Encontro de Vinhos, os Vinhos Verdes tiveram uma aparição discreta, porém digna de nota. Foram apenas 4 rótulos, trazidos pela IdealDrinks, importadora que faz parte de um grupo português que, não por acaso, é dono das marcas apresentadas na feira.

Foram dois Alvarinhos da Quinta da Pedra, propriedade localizada na sub-região de Monção e Melgaço - onde a Alvarinho é a principal qualidade de uva. E os outros dois, da marca Paço de Palmeira, utilizam exclusivamente a casta Loureiro.

Só para contextualizar quem ainda não conhece, Vinho Verde é de fato apenas uma Denominação de Origem dentre as várias de Portugal. Esta Denominação abrange a região do Minho, ao norte do país. O estilo desses vinhos, em 99% dos casos, reflete a tradição da região: acidez acima da média, freqüentemente, mas não sempre, associada a um teor de açúcar residual razoavelmente maior para equilibrá-la; níveis de álcool menores (11% ou menos); e a agulha, uma pequena quantidade de gás carbônico, que ajuda o vinho a ficar ainda mais refrescante.

Eles são normalmente feitos para serem bebidos jovens. Uma freqüente exceção são os vinhos feitos de Alvarinho, que só recebem a DOC se forem produzidos na sub-região de Monção e Melgaço. Neste caso, os níveis de álcool mínimos exigidos são maiores, e são mais secos.

Porém, o que distingue os vinhos trazidos pela IdealDrinks são o fato de não corresponderem aos 99% dos Vinhos Verdes. Mesmo os dois feitos com Loureiro têm 12,0% ou mais de álcool, não têm agulha, são completamente secos, e têm expectativa de 8 anos ou mais de longevidade. Além disso, um deles descansou sobre as borras, e outro passou por carvalho.

Paço de Palmeira

    Royal Palmeira Loureiro 2009: com garrafa em um formato pouco usual, e um rótulo muito bonito, que evoca os azulejos portugueses, já tem quase 4 anos de idade, e ainda tem expectativa de mais 6 anos. Tem a distinção de descansar sobre as borras após a fermentação, o que eu não tenho certeza de quanto influenciou no sabor, nem na longevidade. É seco, tem corpo médio, acidez alta, porém não tão pronunciada, e o aroma remete nitidamente à folha de louro, além de notas de frutas tropicais. O problema é o preço, que está por volta de R$130,00, muito caro para o que o mercado brasileiro espera de um Vinho Verde. É bem verdade que é um vinho distinto da maioria, mas será que o mercado brasileiro vai entender isso?
    Iminência Loureiro 2010: a garrafa tem o mesmo formato da outra, já o rótulo é mais clássico. As sensações gustativas são iguais ao primeiro, e dificilmente eu distinguiria entre os dois. Possui expectativa de 12 anos após a data da colheita, ou seja, ainda teria mais 9 anos pela frente. E sendo tão parecido com o primeiro, eu não sei dizer qual foi o ganho que teve o outro, pelo descanso sobre as borras.





Quinta da Pedra

    Quinta da Pedra Alvarinho 2010: com aromas de pêssego e maçã verde, seco, acidez alta, porém não tanto quanto um Vinho Verde, e achei que o álcool sobra um pouco.
    Senhoria Alvarinho 2010: é a segunda vez que provo um Vinho Verde com passagem por madeira, e o efeito é facilmente perceptível: o aroma e sabor levam uma nuance amadeirada, e na boca fica untuoso, com mais corpo, estrutura. Enfim, é muito bom, mas em nada lembra um Vinho Verde. Isso é ruim? Não, é apenas diferente. No entanto, talvez eles devessem ter uma denominação de origem própria, como DOC Monção e Melgaço, para se diferenciar do restante, sei lá.

O representante na feira disse que o Supermercado Galassi distribui seus vinhos, então, quem não foi à feira, e tiver interesse em provar, pode tentar procurá-los.

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