7 de agosto de 2013

Witbiers e a Isaac Baladin


Witbier: cerveja branca

A primeira vez que provei uma cerveja do estilo witbier (cerveja 'branca', da Bélgica), foi em um bar na França, com alguns amigos do trabalho, em 2002. O bar oferecia uma bandeja de degustação com 12 copos (pints), cada um com uma cerveja de um tipo, todas belgas. Na época ninguém conhecia aquele estilo - havia eu, um espanhol, uma sueca, uma croata, uma lituana, e uns franceses. Todos provaram aquela cerveja quase branca, e ninguém gostou. Ela quase não lembrava o gosto de cerveja, era bastante amarga e cítrica.

Este é um estilo tradicional de cerveja belga. Andou em decadência, mas renasceu com a marca Hoegaarden. Ela é feita a partir de cevada maltada, e trigo não maltado, fator ao qual ela deve sua cor clara. Já o sabor vem de 'temperos', normalmente coentro e cascas de laranja. Tradicionalmente, estes temperos eram utilizados no lugar do lúpulo, como conservantes. Hoje em dia, utiliza-se um pouco de lúpulo, também. Assim, pelo pouco lúpulo e pelo uso de trigo não maltado, sentimos muito pouco daquele sabor característico da cerveja, e sentimos muito do amargor cítrico das cascas de laranja. Pela sua tipicidade ela costuma despertar reações extremas: muitos adoram, outros tantos não suportam.

Elas são normalmente refermentadas na garrafa: acrescenta-se açúcar e mais fermento no engarrafamento, e o resultado desta fermentação que irá gerar o gás da bebida. Este fermento permanece na bebida, deixando-a turva. Por isso, o processo de serviço tem cuidados: deve-se servir 2/3 da garrafa, girá-la para dissolver o fermento em suspensão, e em seguida servir o restante: toda a garrafa no mesmo copo.

Baladin


Baladin é uma fábrica de cervejas gourmet da Itália. As circunstâncias em que eu os conheci não foram nada ao acaso. Em uma viagem à Itália, em 2010, apesar de estar preparado para visitar vinícolas e de provar muito vinho, me veio à cabeça a idéia de investigar o cenário dessas cervejas gourmet no país. Durante a minha busca, em um fórum, me recomendaram este bar em Roma, localizado em uma região central, portanto fácil de chegar. O bar chama-se Open Baladin, e pertence à própria fábrica.

Eu não poderia ter tido melhor dica do que esta. Eles tinham uma bancada com dezenas de torneiras, cada uma servindo um tipo diferente de cerveja. E também vendiam garrafas. Lamentei que Roma estivesse no início do meu roteiro, e seria contraproducente comprar algumas garrafas e carregá-las durante toda a viagem, para trazer ao Brasil. Além do quê, eu já pretendia encher minha mala com vinhos... De qualquer maneira, recomendo fortemente a quem for a Roma - e gostar de cervejas gourmet - uma visita ao bar.



Isaac Baladin

Mas o motivo de eu falar sobre a fábrica agora é a cerveja que eles produzem no estilo witbier: chama-se Isaac Baladin. Eu encontrei esta cerveja no mercado Oba, em Campinas, e comprei umas garrafas, sem nem me dar conta de que se tratava de uma witbier. Só me dei conta disso, em casa, ao examinar o contra-rótulo.

Mas a Isaac é uma cerveja branca menos radical. Tem a cor mais dourada, e sabor de malte mais ressaltado, ainda assim, apresentando as nuances cítricas, e um toque perfumado das sementes de coentro. E o final de boca é dominado pelo adocicado do malte. Creio que o fato de ser 'menos branca' (principalmente no sabor), é sua maior vantagem: ela não traumatiza quem a prova pela primeira vez. Mas é um delícia de cerveja!


Como disse, a Isaac pode ser encontrada aqui no Brasil. Essas, encontrei no mercado Oba da rua Carolina Florence, aqui em Campinas, por R$16,00 (garrafas de 250mL). Já na Itália, tenho certeza que sairá muito mais em conta. Seja para tomar a Isaac, ou alguma das mais de 30 variedades que possuem, recomendo fortemente a quem for a Roma - e gostar de cervejas artesanais - uma visita ao bar. O endereço é Via Degli Specchi, 5-6. O site do bar é: http://www.baladin.it/en/our-places/open-baladin-roma.

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