3 de setembro de 2013

Minha primeira 'rolha' de vidro

A primeira curiosidade que me despertou este vinho era o fato de ser de uma uva que quase não vemos por aqui: a variedade Insolia é típica da Sicília, de onde veio. É uma das uvas típicas do Marsala, vinho de sobremesa clássico da ilha. Mas foi quando a vendedora da loja me disse que a garrafa possuía tampa de vidro, que eu decidi levá-la.
As 'rolhas' de vidro (Vino-Lok) foram criadas em 2003 por uma empresa da Bohemia (República Tcheca), mas ainda são uma novidade. Sendo de vidro, são completamente inertes, evitando-se que transfiram aromas ao vinho. Também não correm o risco de contaminação por T.C.A. (fungo que de vez em quando ataca as rolhas de cortiça). A vedação é garantida por um anel de silicone.

O Cusumano Insolia 2010 é produzido pela Cusumano, empresa familiar gerenciada por dois irmãos. As uvas Insolia, usadas neste vinho, foram colhidas nos vinhedos de Ficuzza, uma região montanhosa, e cercada de parques naturais. Os vinhedos estão plantados a quase 700m de altitude, o que gera um clima de grande amplitude térmica (dia/noite e verão/inverno). As uvas são colhidas manualmente, passam por maceração pré-fermentativa por 12 horas a baixa temperatura (8º C). Após uma leve prensagem, e decantação, o mosto (líquido a ser fermentado) é transferido para tanques de aço inox para fermentação (com temperatura controlada entre 18ºC e 20ºC). O vinho ainda descansa por 4 meses sobre as borras, antes de ser engarrafado.

Enfim, o vinho prometia muita personalidade devido ao terroir e detalhes de produção, e grande frescor supostamente garantido pela vedação hermética da rolha de vidro. Porém ele me decepcionou um pouco. Na taça, demonstrou uma cor amarelo-ouro ainda viva, porém os aromas estavam apagados. Aparecia uma geléia de abacaxi, discreta, e mais nada. Provei, e achei a acidez um pouco abaixo do ideal, deixando sobrar álcool (12,5%); e também na boca, o aroma era modesto e simples. À parte os defeitos, era possível perceber uma certa salinidade, resultado do terroir da ilha.

Será que o vinho realmente é insosso assim? Ou estaria já velho? Nem ao menos tem 3 anos. Pior: teria sido mal conservado durante seu transporte e armazenamento no Brasil? Ele foi importado pela Vinícola Aurora, que sendo vinícola, deveria ter expertise em armazenar vinhos. E o comprei na Adega Oba, em Campinas, uma adega climatizada e gerenciada por dois sommeliers. E a última hipótese: será que a 'rolha' de vidro não entrega o que promete? Fica a minha dúvida, e para chegar a alguma conclusão, preciso provar outras vezes este vinho, e outros vinhos com esta rolha.


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