Nesta última edição da Expovinis, tive a oportunidade de conhecer mais dois produtores nestes moldes. Primeiro, o Domaine du Clos de Garands, propriedade de apenas 6ha, que além de produzir vinho, funciona como um B&B de turismo rural. Ao lado, o Domaine Ruet, propriedade um pouco maior, porém ainda uma empresa familiar. Foi gratificante ver a proprietária encher o peito para dizer que as vinhas foram plantadas pelo seu bisavô.
Domaine du Clos des Garands
Uma propriedade de apenas 6ha, localizada nas encostas das colinas Les Garands, na região que compreende a apelação de Fleurie, com maioria de vinhas velhas. A AOC de Fleurie é considerada de vinhos mais tenros, isto é, leves e macios. E apesar de a origem do nome ser homenagem a um legionário romano, seus vinhos são normalmente florais.Os vinhos do Clos de Garands passam por maceração comum (10 a 12 dias), e envelhecem em tonéis usados, para amaciar os vinhos sem mascarar o caráter delicado do seu terroir. Por isso, não apresentam aromas da madeira.
O rótulo básico, Tradition 2011 é produzido a partir de vinhas com idade média de 40 anos. Ele tem um aroma floral e de frutos vermelhos. Em seguida, provei duas safras diferentes de seus vinhas velhas. O Vielles Vignes 2010 já se mostra um pouco 'pinotado', isto é, evoluído, com notas de especiarias e folhas secas, se somando aos frutos vermelhos. Já o Vielles Vignes 2011 ainda não mostra essa evolução, sendo floral e frutado como o Tradition.
Seus vinhos não são importados ao Brasil, e reconheço que seriam um pouco caros, aqui. Mas convenhamos, uma propriedade de apenas 6ha, e produzindo com vinhas de 80 anos, não dá para chegar barato aqui. Mas pagando o preço francês (por volta de €12), vale a pena.
Domaine Ruet
Este domaine é um pouco maior, com 21ha, que exploram 4 diferentes Crus de Beaujolais. Foi fundado em 1826 pelo bisavô de Katy Duthel, a proprietária atual, que veio ao Brasil para apresentar seus vinhos.Ela trouxe um branco da região, o Beaujolais-Villages Blanc 2012, e foi o primeiro branco que já provei de lá. Apresenta um aroma floral e de frutas de polpa, como a nectarina. É fresco e agradável, mas acho que só vale a pena lá na França, onde o preço é competitivo (menos de €5), afinal aqui temos Chardonnays de todas as partes do mundo, freqüentemente, mais baratos.
Seus vinhos tintos são todos feitos seguindo a tradicional maceração semi-carbônica. O primeiro que provei foi o Chiroubles 2012, o único cru 'tenro', dentre os seus vinhos. É o mais leve, bem floral, frutado, e com acidez mais destacada. Os seguintes foram os 'robustos' Brouilly Voujon 2012, Côte de Brouilly 2012, e Morgon 2012 Les Grand Cras 2012. Todos eles feitos de vinhas entre 20 e 60 anos, jovens para os parâmetros do domaine! São parecidos entre si, com maior estrutura que o primeiro, taninos mais marcados, e aromas mais complexos. A impressão é que envelhecem em madeira, mas não é o caso. Têm aromas de frutas vermelhas, envoltas por especiarias, e um toque de madeira verde (provavelmente dos engaços), que não chega a incomodar. Ponto positivo, todos custam menos de €5, como o branco.
Mas a cereja do bolo veio ao final. Seu Brouilly Vieilles Vignes 2009 foi produzido de vinhas com pelo menos 80 anos de idade, plantadas pelo bisavô de Katy, sobre solos de granito rosa (a maioria do solo da AOC Brouilly). Este sim, é um vinho espetacular. Com quase 5 anos nas costas, ele ainda tem aroma bem jovial (de frutas vermelhas), taninos maduros, e aromas de especiarias, sem a madeira verde dos outros. E o preço? entre €5 e €7.
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