Este mês, estou completando um ano que sou cliente da Winelands. Só tenho elogios a tecer à flexibilidade do clube, pois eu tenho o pior perfil que pode ter um cliente de clube de vinhos. Todo mês, eu fico 'pentelhando' o Fernando com mudanças na remessa seguinte: uma hora não quero o rosé, em outra não quero o espumante, outra vez eu quero repetir um vinho que já tinha recebido.
E de tanto eu ficar garimpando com ele, ele me conta sobre umas preciosidades que importa (para vender fora do clube). No ano passado, comentei a respeito de um vinho búlgaro de 1991, que ele me vendeu. Os fantásticos Crus de Beaujolais, também fiquei sabendo da mesma forma.
Este ano, ele me perguntou se eu queria algumas garrafas de um vinho argentino que envelhece 10 anos em tonéis de madeira, antes de ser engarrafado. Na hora, eu titubeei, e recusei a oferta, principalmente por causa do preço (que é muito acima do que costumo pagar), mas confesso que o fato de ser argentino pesou. Só que eu fiquei tentado, curioso, por conhecer um vinho que, apesar de argentino, é feito em um estilo muito mais semelhante aos grandes vinhos do mundo, do que ao mar de Malbecs insossos que inundam nosso mercado.
Aquele diabinho vermelho da tentação ficou martelando na minha cabeça, e me fez comentar com meu pai a respeito do vinho. Ele também ficou curioso, e pediu para eu comprar duas garrafas pra ele. Colhi maduro!
Ele se chama Montchenot Gran Reserva 2003, e faz parte da principal linha de vinhos das Bodegas Lopez. É um vinho de corte, com predominância de Cabernet Sauvignon, e adições de Merlot e Malbec. Como todo grande vinho, as proporções variam ano a ano, dependendo da qualidade da safra de cada variedade. As uvas são colhidas manualmente, de vinhedos plantados em 1940, passam por maceração moderada, fermentam com temperatura controlada e, após todo o processo de clarificação, filtração e estabilização, o vinho envelhece por 10 anos em tonéis, de 5 mil a 20 mil litros de capacidade.
O resultado é um vinho muito fresco, elegante, de corpo médio, álcool moderado, e sem o aroma maçante do excesso de madeira. O aroma privilegia a fruta, que no nariz está fresca, e no retrogosto, deliciosamente passificada. Apresenta uma pequena nota de couro da evolução - deixando aerar, passa - e também é possível perceber um toque tostado (meu pai, identificou fumo). A cor dele é curiosa, mas representa bem o seu processo evolutivo. Não possui mais tonalidade rubi: é um castanho escuro, muito uniforme, limpo, sem nenhum depósito.
Vinhaço! Um dos melhores que já tomei.
Interessante notar que na Argentina tem produtores que fazem vinhos de qualidade. Lá como Cá os vinhos merecem mais consideração ( pesquisa e desenvolvimento).
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