14 de abril de 2014

Moscatel Roxo 1998, da Quinta da Bacalhôa

(Como foi a Formação sobre Vinhos de Portugal nível III)

A Formação sobre Vinhos de Portugal teve grandes vinhos, mas um merece um texto só pra ele: um Moscatel de Setúbal, mas não um qualquer, e sim um Moscatel Roxo! Desde que ouvi a primeira vez a respeito do Moscatel Roxo, minha curiosidade enológica me fez cobiçar este vinho, caro e raro. Qual não foi minha alegria ao xeretar entre as garrafas que seriam servidas, e encontrar entre elas o Moscatel Roxo!


A uva Moscatel Roxo é tida como uma mutação natural da Moscatel, e teria ocorrido na região de Setúbal. Ela é mais rosada do que propriamente tinta, com pouca matéria corante. O vinho é feito com as mesmas técnicas do outro Moscatel: o mosto é colocado para fermentar com as cascas das uvas, e é fortificado logo no início do processo, para manter a maior parte do açúcar. O vinho é mantido com as cascas, macerando durante alguns meses. Em seguida, é colocado em barris de madeira, já sem as cascas, em ambientes com constantes variações de temperatura, para acelerar o processo de oxidação.

O Moscatel Roxo 1998 da Quinta da Bacalhôa, que degustamos no curso, foi maturado por 9 anos em barris de whisky! Eu já conhecia whiskies maturados em barris de vinho, mas o contrário, foi a primeira vez. A cada ano, 10% do vinho evapora, fica para os anjos.

A verdade é que eu esperava um vinho mais escuro, e com aromas que remetessem a frutas mais escuras, como figos, tâmaras e ameixas. Em vez disso, ele tem cor âmbar de intensidade média, e os aromas de damascos secos, cascas de laranja cristalizadas, e um pouco de mel. É viscoso, denso. A doçura é intensa, e percebe-se no primeiro plano. Mas pudera, tem mais de 200g/L de açúcar! Por outro lado, a acidez também é alta, e lhe dá frescor. É um vinho que não enjoa, só dá vontade de continuar bebendo. E a persistência aromática parece eterna.

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