23 de abril de 2014

Os irmãos Brun

Esta semana está sendo repleta de eventos de vinhos pelo estado de São Paulo. Mas sem dúvida, o mais importante é a Expovinis. Em sua 18ª edição, é a primeira vez que pude comparecer. Quem já foi em alguma, sabe que é uma feira imensa, e é preciso escolher bem o que quer conhecer, pois é impossível visitar todos os estandes. Entre os meus objetivos estava conhecer os vinhos dos quatro produtores da Provence, que vieram à feira.


Gostei, claro, de todos os vinhos que provei, porém, para mim merece destaque o Château de Brigue. O menor dos quatro produtores, e único que não possui importador no Brasil, é propriedade de quatro irmãos, em que cada um possui uma responsabilidade. Cabe ao irmão Olivier Brun a divulgação e comércio, e portanto, veio representar a empresa na feira. O principal produto, claro, são os rosés, mas ele trouxe quase todo o seu portefólio, incluindo brancos, rosés, um espumante e um vinho de sobremesa.

Brancos

Comecemos pelos brancos, que trouxe dois rótulos. O Prestige Blanc 2013 é feito 100% com a uva Rolle, e portanto é menos aromático, privilegiando o frescor e a crocância. O Olivier disse que fazem esse vinho, porque todos na (Côtes de) Provence fazem brancos assim, majoritariamente de Rolle. Já o segundo vinho, Signature Blanc 2013, eles o fazem para se destacar: é 95% Sémillion, muito mais aromático.


Rosés

Os rosés foram 4, e podemos separar em dois grupos. O Rosé Brigue Provence 2013 e o Signature Rosé 2013 são a entrada de gama, um pouco mais joviais e simples, com cor salmão, um pouco mais intensa, aromas de frutas vermelhas, cítricos como laranja e tangerina, e um toque de merengue.

Já o Prestige Rosé 2013 é bem diferente. De cor muito pálida e aparentemente mais oxidada (casca de cebola), é mais complexo e encorpado, com aroma menos intenso, floral, as frutas dos outros vinhos, e aquele toque do merengue. E por fim, o Brigue Royal 2013 é tão especial, que vem em uma garrafa branca opaca, mais protegido da luz. De cor igualmente pálida, tem o aroma menos intenso, com flores e um toque químico, como petrolato. Segundo Olivier, produz entre 2500 e 3000 garrafas por ano, e custa €22 ao consumidor final (a título de comparação, os outros rosés e brancos custam todos abaixo de €11).


Bulles de Brigue

Na sequência provei o espumante Bulles de Brigue. Olivier faz questão de destacar que ele não é feito pelo método tradicional, e sim pelo método Provençal. A diferença seria que no método Provençal, a segunda fermentação não se dá com adição de licor de tiragem, e sim com mosto não fermentado que havia sido reservado. Fora isso, também refermenta na garrafa, e passa 15 meses com as borras. Apresenta bolhas finas, bastante volume de boca e aromas de flores e um toque leve de fermento.

Sendo dos produtos menos tradicionais da região, a Provence não possui uma apelação de origem para espumantes. Mas Olivier Brun pretende mudar isso, e preside uma associação que está tentando negociar com o governo francês (INAO) para a criação da dita apelação.

Independente disso, seu espumante não tem muita popularidade no mercado francês, já que compete com Champagnes na mesma faixa de preço: €16. O principal mercado para o Bulles é a Coréia do Sul. Na minha opinião, ele encontraria aqui no Brasil o mesmo problema que tem no mercado francês. Temos espumantes de boa reputação, e muito mais baratos.



Elixir de Brigue

Por fim, vem o produto mais novo da casa: o Elixir de Brigue 2013, um vinho de sobremesa. Ele é feito com Viognier, Muscat blanc à petir grains, Marsanne e Roussanne. É produzido interrompendo-se a fermentação com resfriamento - que inativa as leveduras - e posterior filtração para retirada das mesmas. Ele não é feito com colheita tardia, por isso o nível de álcool fica em apenas 10%, e o teor de açúcar, um pouco inferior aos 45g/L, o que Olivier classifica como demi-doux, mais doce que moelleux.

Ele tem cor amarelo-palha, bem viva, é leve, com bom equilíbrio entre açúcar e acidez, e na hora estava com um aroma inconfundível de banana madura. Olivier disse que depende do momento. Às vezes parece mais geléia de pêssego, mas no momento era muita banana.

Um comentário:

  1. A propósito, o Château de Brigue já possui importadora no Brasil. é a Wine Lovers:
    http://www.winelovers.com.br/

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