Como a aeração no vinho certo pode transformá-lo
Ele já tem 7 anos de idade, por isso achei estranho a Winelands dizer que apresentava reflexos violáceos, e continha aromas florais (sinais de juventude). Ainda mais dizer que ele não necessitava de aeração. Bem, confiei, abri o vinho e me servi. A cor dele já tinha nítidas nuances de tijolo, e veio um cheiro forte de AAS (ácido acetilsalicílico, remédio que tomei muito quando criança), que foi um impacto muito negativo. Mas eu provei o vinho, e vi que tinha estrutura de sobra (leia-se acidez e taninos). Sendo assim, o deixei respirando (na garrafa, mesmo) e continuei a refeição.
Vinte minutos depois, ele havia mudado completamente. De um vinho aparentemente estragado, ele se transformou em um vinho maduro, com seus aromas terciários plenamente desenvolvidos. Aquele cheiro de AAS se foi, e restaram uvas passas docinhas, equilibradas por um creme de balsâmico, um pouco de especiarias da passagem por madeira e um leve couro, típico da idade. Apesar de classificado como semi-seco (ele possui entre 6 e 7 g/L de açúcar), a sensação é seca, não se sente açúcar, apenas aromas doces, típicos de um vinho evoluído. Acidez em cima, taninos bem presentes, mas já maduros, em um perfil elegante como se espera do Dão.
O vinho se chama Evidência 2007, e é produzido pela Parras Vinhos. A empresa produz vinhos em quase todas as regiões de Portugal, pois vem a ser um projeto independente do enólogo António Ventura, que é consultor de diversas empresas pelo país. Ele havia sido importado pela WineSpirits. Para mim, ele está no seu ápice. Não irá evoluir mais, e deve ser consumido sem demora. Para quem gosta de vinhos com aromas terciários desenvolvidos, esta é uma ótima compra.
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