30 de junho de 2014

Sobre vinhos na Provence: Château Henri Bonnaud, Palette


Saí do Château Grand Boise em direção à localidade de Palette, localizada a apenas 4 Km da cidade de Aix-en-Provence. No caminho, sempre vendo a montanha de Sainte-Victoire à minha direita, resolvi dirigir em direção a ela, para vê-la mais de perto. Entrei por uma estradinha que só comportava um carro, em meio à Résèrve Naturelle de la Sainte-Victoire. Tão perto assim, um platô a meia altura não permitia visualizar a montanha em sua totalidade, mas é uma bela paisagem, mesmo assim. No final desta estrada, saí da reserva, e caí em uma estrada de acesso a propriedades rurais, só um pouquinho mais larga que a anterior. Escolhi seguir para a direita, e no primeiro cruzamento, vejo uma placa indicando "Henri Bonnaud A.O.P. Palette". Virei então, à esquerda, na direção indicada pela placa.

Sobre vinhos na Provence: o vin cuit

Eu tomei conhecimento sobre a existência do Château Grand Boise graças ao vin cuit. É um produto típico da Provence, porém muito pouco conhecido, e eu pretendia descobrir mais sobre ele. O site do Château foi um dos primeiros que encontrei, e tinha uma explicação bem didática a respeito do produto. Por isso, estava na minha lista de propriedades a visitar. Contei em outro texto como foi a visita ao Château, mas ficou faltando falar dele, do vinho que me fez ir até lá.

Portão de entrada do Château Grand Boise

Sobre vinhos na Provence: Sainte-Victoire, e o Château Grand Boise


Avistado da sacada do nosso apartamento no oeste de Aix-en-Provence, a Sainte-Victoire, do lado contrário da cidade, parece mesmo uma montanha, com o formato dos quadros de Cézanne. Mas avistado a partir do vale que se forma ao sul, ela se mostra como um largo maciço que domina a paisagem, e determina a tipicidade dos vinhos de Côtes de Provence - Sainte Victoire.

28 de junho de 2014

Sobre vinhos na Provence: Les Baux de Provence

Saindo da auto-estrada que liga Aix a Avignon, seguimos uma estrada local em direção à bela Saint-Rémy de Provence. No caminho avistamos placas que indicavam o Domaine des Terres Blanches. Saímos, então, da estrada local, seguindo em direção ao sul, até os pés dos Alpilles, a pequena cadeia de montanhas que domina a região. Passamos por uma rota entre as vinhas, sempre com as montanhas ao fundo, até chegar à sede comercial do domaine, onde fomos recebidos pelo Diego, o simpático cachorro da propriedade.

Vinhedos do Domaine des Terres Blanches, aos pés dos Alpilles

A cave fica aberta 7 dias por semana. Dentro dela, o atendente Philippe, esperava por clientes. Entramos para uma degustação gratuita dos vinhos, branco, rosé e tintos, produzidos pelo domaine.

O Domaine des Terres Blanches...

... fica localizado na região demarcada Les Baux de Provence, com 38ha de vinhas, que se estendem dos pés dos Alpilles em direção ao norte, plantados em planície. Ele foi criado em 1968, e o fundador da propriedade foi o responsável pela criação da AOP Les Baux de Provence. Hoje pertence a outro proprietário, mas continua sendo uma empresa familiar.

Desde a fundação, a produção segue o cultivo orgânico, o que é simplificado pela ação do vento Mistral na região. Se em toda a região, o vento exerce muita influência, ela é ainda mais forte na propriedade, que ao norte dos Alpilles, não possui nenhuma cadeia montanhosa que possa atenuar a força do vento. Por isso, as vinhas mais novas precisam ser presas por uma estaca, a fim de impedir que o vento as arranque do solo. Hoje em dia a cultura possui certificação orgânica "bio-ativa", que implica em preservar os micro-organismos do solo, na medida em que eles criam um equilíbrio com as plantas, ajudando a que se mantenham naturalmente resistentes a eventuais doenças.

27 de junho de 2014

Sobre vinhos na Provence: daube provençale

(E os vinhos de Bandol)


Alojados em um apartamento confortável em Aix-en-Provence, com uma cozinha completamente equipada, resolvemos cozinhar um prato típico da Provence. O escolhido foi a Daube Provençale, um guisado de carne marinada em vinho tinto.

Fui ao supermercado comprar a carne para a preparação do prato. Para facilitar, perguntei especificamente ao açougueiro qual era a melhor carne para preparar a Daube, e ele me indicou a poitrine, a mais barata (poitrine significa peito, então, suponho que seja equivalente a maçã do peito). No entanto, mais do que indicar a carne, ele se assegurou de que eu faria o prato corretamente. "Quando você pretende preparar?". "Amanhã está bom, pois tem que deixar marinando." "Você tem a receita?" "As receitas na Internet nem sempre são muito corretas." E me explicou grosso modo como ele prepara em casa.

26 de junho de 2014

Sobre vinhos na Provence: Coteaux de Pierrevert

Partindo do belo lago de Sainte-Croix, e das fabulosas Gorges du Verdon, seguimos na direção oeste, passando pela estrada de Valensole, e os multisensoriais campos de lavanda. Culturalmente, não podemos nos sentir mais no centro da Provence. A estrada terminou em Manosque, onde acaba todo o romantismo da região. É um centro comercial importante, mais sem um charme evidente para o turismo. E todo este trajeto está contido dentro da área delimitada do Coteaux de Pierrevert, a denominação de origem de menor expressão da Provence, cujos vinhos tem uma ligeira crise de identidade.

Próximo à cidade de Manosque, fica a pequena vila de Pierrevert, que dá nome à AOP. Também não é uma cidade de charme evidente. Minúscula, muito tranquila, com um centro antigo que não deve ter visto uma obra de restauração neste século, não recebe muitos turistas. Melhor para os moradores, que podem ir até a adega cooperativa da cidade, comprar seu vinho por galão, quase sem concorrência.

20 de junho de 2014

Sobre vinhos na Provence: Bellet, o vinho de Nice

A oeste da cidade de Nice, na Côte d'Azur, o rio Var desemboca no Mediterrâneo. À sua margem esquerda, nos subúrbios de Nice, existem colinas dotadas de terraços, onde estão plantadas as vinhas que dão origem aos vinhos da apelação de origem Bellet.


Bellet foi a segunda AOC da região da Provence, criada em 1941, muito antes das imensas Côtes de Provence, Coteaux d'Aix-en-Provence e Coteaux Varois en Provence. No entanto, ela definhou nos anos 1970 e 1980, ao ponto de restar apenas dois produtores na região. A partir da década de 1990, houve um renascimento, novos produtores se instalaram nesses terraços, e hoje existem algumas marcas produzidas dentro da área metropolitana de Nice.

16 de junho de 2014

Sobre vinhos na Provence: prólogo

A Provence, no sudeste da França, junto à Côte d'Azur, é uma região vinícola singular. É das poucas regiões do mundo onde o vinho rosé é o principal. É a região que produz maior volume de rosés no mundo, é a região com os rosés mais conceituados, é referência em estilo de vinhos rosés elegantes, secos, com cores bem claras.

9 de junho de 2014

Condado Real Branco 2012, um vinho de supermercado


O vinho de hoje foi inspirado em uma iniciativa muito interessante de dois blogs de vinho. As amigas Jane, do Château de Jane, e Evelyn, do Taças e Rolhas, publicam em paralelo, uma vez por mês, suas impressões sobre algum vinho comprado em supermercado, por menos de R$30,00. A intenção é popularizar o consumo de vinho, ao divulgar vinhos mais acessíveis.

6 de junho de 2014

Amalia Brut

Estava ansioso para provar o Amalia Brut, mas não encontrava o momento. Cansado de esperar, fiz do vinho a ocasião, e o abri para tomá-lo à noite, sem acompanhamentos, na companhia apenas da Thais.

Espumante grego feito 100% com a uva Moscofilero, feito pelo método tradicional, amadurecendo 6 meses sobre as borras, era de se esperar um vinho fresco, muito aromático, e com um corpo médio. É bem isso que eu encontrei na taça, um espumante de cor citrina bem jovial, muito aromático, remetendo a calda de abacaxi, flores, e pão doce, com intensa perlage, muito volume de boca, que chegava a ser quase mastigável, mas com uma acidez brutal. As notas de leveduras, eu nem esperava, mas estavam bem evidentes.

1 de junho de 2014

Rincón Famoso Rosado 2013

Mais um vinho rosé parrudo. Diferente da maioria, não evoca frescor, verão. Serve tanto pro verão (quase como um tinto leve), quanto pro inverno (tem corpo e álcool, pra aquecer a alma).