26 de junho de 2014

Sobre vinhos na Provence: Coteaux de Pierrevert

Partindo do belo lago de Sainte-Croix, e das fabulosas Gorges du Verdon, seguimos na direção oeste, passando pela estrada de Valensole, e os multisensoriais campos de lavanda. Culturalmente, não podemos nos sentir mais no centro da Provence. A estrada terminou em Manosque, onde acaba todo o romantismo da região. É um centro comercial importante, mais sem um charme evidente para o turismo. E todo este trajeto está contido dentro da área delimitada do Coteaux de Pierrevert, a denominação de origem de menor expressão da Provence, cujos vinhos tem uma ligeira crise de identidade.

Próximo à cidade de Manosque, fica a pequena vila de Pierrevert, que dá nome à AOP. Também não é uma cidade de charme evidente. Minúscula, muito tranquila, com um centro antigo que não deve ter visto uma obra de restauração neste século, não recebe muitos turistas. Melhor para os moradores, que podem ir até a adega cooperativa da cidade, comprar seu vinho por galão, quase sem concorrência.


Logo ao entrar no vilarejo, passei na frente na Cave Cooperativa de Pierrevert, que atualmente adota a marca Petra Viridis. Entrei na pequena loja de frente para a estradinha, para ficar impregnado pelos hábitos franceses. Pedi para provar um vinho, e o aroma 'na taça' era de desodorante 72 horas (há disso por aqui) usado por 72 horas - obviamente, sem banho; e os franceses acreditam mesmo que esses desodorantes funcionam por todo este tempo.

Obviamente, o sabor do vinho é muito melhor do que o que sentia no ar. Ligeiramente diferente dos vinhos produzidos nas regiões mais ao sul, os vinhos da cooperativa são mais simples: não apresentam notas cítricas, apenas as frutas vermelhas frescas, como morango e framboesa. Sua cor também é ligeiramente diferente, sem as matizes alaranjadas comuns aos vinhos da Provence. Em comum, são leves, frescos, e secos.


A grande vantagem é que tendem a mais baratos. Os locais compram vinho a granel: levam seus galões para serem enchidos à mangueira, por preços a partir de €2 o litro. E mesmo os vinhos em garrafa, de €4 a €7, comparados com o que estamos acostumados no Brasil, são uma pechincha.


Comprei duas garrafas para tomar à noite, durante a viagem. Uma do Pierrevert rosé 2013, e a outra do Augusta Bastide rosé 2013. A primeira acompanhou queijos com pão e azeite. A segunda, um espaguete à carbonara. Muito semelhantes entre si, tiveram outra coincidência: evaporaram em menos de meia hora, cada um deles.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sintam-se livres para comentar, criticar, ou fazer perguntas. É possível comentar anonimamente, com perfil do Google, ou com qualquer uma das formas disponíveis abaixo. Caso prefiram, podem enviar uma mensagem privada para sobrevinhoseafins@gmail.com.