Ao receber de herança algumas quintas no Douro, Domingos Alves de Souza encerrou a carreira de engenheiro e se dedicou às vinhas; logo, suas propriedades deixaram de ser fornecedoras para grandes casas de vinho do Porto, e ele passou a engarrafar os próprios vinhos. Uma de suas propriedades é a Quinta da Gaivosa, onde possui 25ha de vinhas com 60 anos. De lá vieram as uvas brancas - das variedades Gouveio, Malvasia Fina, Viosinho e outras - para fazer este vinho.
As uvas foram desengaçadas, e passaram por maceração por 24 horas. Em seguida, fermentaram em tanques de madeira. Posteriormente o vinho estagiou 6 meses em barricas, mais 6 meses em garrafa, antes de ser liberado no mercado. Aí já começam as diferenças em relação aos vinhos laranjas: apenas 24 horas de maceração não chega a ser uma novidade, e nem chega a aportar a cor e composição fenólica associada a este estilo de vinho.
Além disso, na prova, não haviam muitas semelhanças com os vinhos laranjas: cor dourada de média intensidade, aromas de frutas de polpa, junto com a perceptível - mas bem integrada - influência da madeira, com notas de baunilha e fumaça, além de muita mineralidade (querosene, pedra de isqueiro). Na boca, uma ótima acidez, com corpo médio, sensação salobra (alguns chamam de sapidez), os mesmos aromas do nariz, com um final defumado persistente.
Enfim, um ótimo vinho branco português, já com 9 anos de idade (é safra 2005), mas pouco ou nada lembra um vinho laranja.
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