7 de outubro de 2014

Vinhos laranjas: Dettori Renosu Bianco IGT Romangia

Este vinho foi degustado no evento Vinhos Laranjas da ABS Campinas SBSomm (clique aqui para conhecer mais sobre o que são os vinhos laranjas).


O Renosu Bianco IGT Romangia foi produzido pela família Dettori, na Sardenha. O site da empresa alerta: eles não fazem vinhos para o mercado; fazem vinhos "como eles deveriam ser, e não como o mercado espera que sejam". Não adicionam nada no vinho, a não ser pequenas quantidades de sulfito; as uvas fermentam apenas com leveduras nativas, em tanques de cimento; e os vinhos não são filtrados, nem clarificados, nem passam por barrica.

Também fazem cultivo sem uso de pesticidas, e colheita manual. Declaram que perderam quase toda a safra de 2008, por exemplo, por um ataque de míldio, mas preferiram perder a safra a encher suas vinhas de veneno.

Eles acreditam ao extremo no conceito terroir. Por isso, não utilizam a DOC porque consideram o sistema de DOC italiano muito generalista, e que a Indicação Geográfica Típica Romangia é mais restrita. Suas vinhas têm em média 40 anos, e as uvas de cada parcela são vinificadas e engarrafadas separadamente, sendo sempre 100% varietais. Exceto este, o Renosu. O próprio site diz que as uvas que não têm qualidade suficiente para seus varietais, eles as destinam para a produção deste vinho. É anti-publicidade, mas este não deve ser o vinho de que mais se orgulham, já que nem é descrito no site da empresa, apenas citado.

Mas a importadora traz seus dados de produção. Ele foi feito com uvas Vermentino e Moscatel de diferentes anos (o vinho não possui safra). Ele maturou entre 24 e 36 meses nos tanques de inox, sem controle de temperatura, até que a fermentação se interrompeu naturalmente, deixando um resíduo de 12g/L de açúcar, o que o torna um vinho semi-seco.

Na degustação da ABS, ele foi decantado por 1,5h, por isso não apresentou turbidez ou depósitos. Tinha cor amarelo-acobreada, como o exemplar chileno, porém, ligeiramente mais intensa. Assim como sugerido pelo produtor, é um vinho que precisa respirar na taça. Os aromas mudavam, tendo começado em frutas de polpa amarela, e evoluindo em compotas, como marmelada e doce de cidra, sempre acompanhado de muita especiaria, como canela, erva-doce e cravo, muito cravo. Na boca, tinha boa acidez, que equilibrava bem o açúcar e álcool, corpo médio, sabor intenso e final longo.

Muitos dos presentes torceram o nariz para o teor de açúcar do vinho, mas a realidade é que, além de muito fresco, é uma ótima harmonização para pratos orientais, com pimenta, especiarias e molhos adocicados. Eu gostei do vinho. Guardadas as devidas diferenças, o vinho até lembrava um Gewurtztraminer.

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