18 de outubro de 2014

Pale Cream Sherry


Para um espanhol, Jerez que se preza, só seco. E não é só o espanhol. Os críticos de vinho veneram os estilos secos - do Fino ao Oloroso - e os super doces PX (o que considero uma incoerência), mas menosprezam as categorias de doçura intermediárias (os chamados generosos de licor). Acho uma injustiça. Vinho doce não significa vinho ruim. E os Cream Sherries costumam apresentar os mesmos aromas característicos de seus equivalentes secos, porém são mais amigáveis à boca, sendo menos estranhos a quem os prova pela primeira vez.

Eu bem me lembro da estranheza que foi provar meus primeiros Jerez, licorosos e secos, que ao mesmo tempo me encantavam com aromas cativantes, mas que na boca pareciam desequilibrados. Foi preciso provar algumas vezes, para entender que o equilíbrio de um Jerez é diferente do de outros vinhos. A acidez é normalmente mais baixa, o teor alcoólico é mais alto, e não há doçura para balanceá-lo.

Essa é a vantagem dos generosos de licor. Eles têm aromas similares aos seus equivalentes secos, mas com uma doçura que os deixam menos estranhos para quem os prova pela primeira vez. Eles são mais populares na Inglaterra - onde seus fiéis consumidores estão alheios à opinião dos críticos - e por isso são mais conhecidos como Cream Sherries.

Este da foto acima é um Pale Cream Sherry, produzido pela Emílio Lustau, e engarrafado especialmente para a rede de hipermercados Waitrose, da Inglaterra. Pale Cream é um Fino adoçado; e neste caso, utiliza-se um produto chamado de mosto retificado, que consiste basicamente de água e açúcar proveniente da uva. Diversos vinhos semi-secos são adoçados com mosto retificado.

O uso do mosto retificado garante que ele tenha a cor típica de um Fino, amarelo-palha de baixa intensidade. O nariz também é equivalente, com notas evidentes de leveduras, maçã vermelha, e um leve amendoado. A diferença está na boca, mais macia, em que o leve teor de açúcar equilibra o álcool (17,5%). Tem uma sensação levemente untuosa, acidez discreta mas suficiente, e final longo. É muito fácil ser cativado de imediato; é um ótimo vinho para ficar bebericando devagarinho após uma refeição, ou acompanhando uma torta de frutas pouco doce.

2 comentários:

  1. Fiquei apaixonada por esse vinho. Ao terminar de jantar na casa de Rodrigo e Thais fui apresentada a este vinho. Fiquei encantada com o "buquê" de sabores que explode na boca após o primeiro gole. Ele encerra com chave de ouro qualquer refeição, deixando no paladar um suave sabor, que fica com aquele gostinho de quero mais. Tive o prazer de degustar por duas oportunidades e, para quem não é entendida de vinhos como eu e apenas consome o que indicam, independente do preço é uma compra que vale a pena.

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    1. Realmente Laice, estes vinhos têm um sabor único, inimitável. E a versão doce deles, tenho certeza, seria um sucesso de vendas no Brasil. Agora serei 'obrigado' ir a Londres de novo, trazer mais...

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