Um espaço onde relato minhas experiências no mundo dos vinhos.
E eventualmente, também experiências relativas a outras bebidas.
19 de novembro de 2014
Château Simone Blanc 2011
Eu estava com esta garrafa de um vinhaço que eu não agüentava mais esperar para provar: Château Simone Blanc 2011. Eu comprei a garrafa neste verão, quando visitei o Château, que é um dos produtores mais conceituados da Provence (e não é pelos vinhos rosés).
Eles possuem para venda garrafas de várias safras antigas, e provar safras antigas de bons vinhos é uma experiência gratificante, por isso me senti tentado. Mas qual? O principal vinho do Château é o branco, por isso, eu tinha que levar uma garrafa dele. Por outro lado, eles possuíam o rosé de safras antigas, algo que eu nunca tinha visto antes! Não podia deixar de levar um para provar. Por isso, resolvi levar um de cada, de safras antigas.
No entanto, a funcionária que me atendia insistiu que eu deveria conhecer o produto jovem, antes de prová-lo envelhecido. Do rosé antigo, eu não abri mão, e até já contei a respeito dele (reveja aqui). Mas segui parcialmente o conselho dela, e comprei a safra mais recente do branco: Château Simone Blanc 2011. Isso mesmo, a safra mais recente (pelo menos até o verão passado), ainda era a 2011, já que seus brancos passam 1 ano e meio em tonéis, sendo 6 meses sur lies, e depois mais um ano em barricas bordalesas, antes de serem engarrafados.
O vinho é produzido em corte, majoritariamente de Clairette (80%), com pequenas adições de Grenache Blanc, Ugni Blanc, Bourboulenc e Moscatel. As vinhas têm em média 50 anos de idade - sendo que algumas parcelas são centenárias - cultivadas sem uso de herbicidas. A colheita é feita exclusivamente a mão (conforme a regra da AOP Palette), é feita triagem manual na vinha e na cave, e a fermentação é realizada por leveduras indígenas. Para a maturação, eles utilizam barricas neutras, de 4º uso, descartadas pelos produtores de Bordeaux, já que, de acordo com as palavras da funcionária, a intenção da vinícola é deixar amadurecer o vinho, e não dar gosto de madeira.
Um vinho desses precisa de uma boa aeração para mostrar todo seu potencial. Apesar do uso de carvalho neutro, logo ao abri-lo, o aroma de baunilha é bem nítido. Em seguida vêm os aromas de damascos secos e abacaxi. Com o tempo, ele vai se abrindo, amaciando, e ganhando equilíbrio. O aroma da madeira fica mais suave, e passa a lembrar chocolate branco. Ao mesmo tempo, as frutas ganham intensidade. É um vinho com muita estrutura, chega a ser viscoso, de tanto volume de boca, e é possível perceber os taninos, discretos, mas presentes. Pois é, vinho branco em que podemos perceber os taninos é algo raro. Para completar, tem ótima acidez, que garante frescor, e o aroma persiste no retro-olfato por um longo tempo. É realmente um vinho diferenciado, digno da reputação deste Château.
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