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10 de janeiro de 2015
Cachaça Carvalheira Extra Premium
Na coleção de cachaças do meu pai, tem uma garrafinha de 500mL intrigante: se por um lado tem um rótulo sério - eu diria até austero - e muito bem trabalhado, que causa uma boa impressão, por outro, contém um líquido com uma cor estranha: uma cor café escura, como nunca vi igual numa cachaça. A garrafa estava inicialmente lacrada de fábrica, meu pai não conhecia a sua origem, e a data de fabricação consta como agosto de 2006. Intrigado, resolvi pesquisar sobre ela.
A cachaça em questão se chama Carvalheira Extra Premium, e foi fácil achar informações a seu respeito. Primeiro, o site da marca Carvalheira, empresa de Recife. Também encontrei informações sobre ela no catálogo Mapa da Cachaça, e uma publicação no Diário de Pernambuco, a respeito da fábrica. Isso, sem contar diversos sites oferecendo para venda. Difícil foi achar uma opinião independente e concreta a respeito da mesma. A única que encontrei foi de um site chamado Papo de Homem, que a recomendava como um bom exemplo de cachaça pernambucana.
Em todas essas fontes, uma informação categórica: a Carvalheira Extra Premium é uma cachaça pura, sem adições, e envelhecida por 5 anos em carvalho. A empresa parece especializada em cachaças compostas (que são destilados misturados com substâncias aromatizantes), mas esta, apesar da cor café que nem o carvalho mais torrado poderia dar a uma bebida, consta que é 100% pura. Mesmo todas as fotos que encontrei na Internet mostram a mesma cor escura neste líquido.
Quando contei a história toda para meu pai, ele resolveu: vamos abrir para ver qual é. Retirou o selo do IPI, desenroscou a tampa, quebrando o lacre, e serviu no Cuidado e no Juízo. A cor era mesmo muito escura. Senti o aroma, e lembrava Biotônico Fontoura, além de um quê adocicado, como uvas passas. Mesmo na boca, ela parecia mais adocicada do que qualquer outra cachaça. Era bem macia, até doce, e o aroma lembrava mais o Biotônico do que cachaça. No fim, era até uma bebida interessante, mas não tem condições de aquilo ser cachaça pura.
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Comprei duas garrafas da cavalheira com intenção de ficar com um e presentear a outra, chegando em casa fui provar e tem gosto excessivo de madeira, não gostei.
ResponderExcluirÉ cachaça pura sim! Embora goste mais da Carvalheira Alambique, envelhecida em barris de freijó por seis meses, mas cachaça vai do gosto de cada um, apenas acho que não se deve colocar em cheque a idoneidade de uma empresa tão tradicional como a Carvalheira.
ResponderExcluirMido, obrigado pelo comentário.
ExcluirEu não vejo que o meu texto questione a idoneidade da empresa. Cachaça aromatizada (ou composta, como define a legislação) é um produto absolutamente idôneo, e a própria Carvalheira possui produtos declaradamente aromatizados, que não são, portanto, cachaça pura.
No caso desta que eu tomei, na minha opinião, a cor, os aromas e sabores são diferentes demais para que sejam originários exclusivamente da cachaça e da madeira. Que cachaça pura você conhece que seja tão escura quanto essa? Desconheço uma madeira capaz de dar tanta cor.
Boa d++
ResponderExcluirolá, tenho uma garrafa dessa de 98, e sim, caso vc veja atras ela é cachaça pura. para a cachaça ficar clara ela tem que ser "cristalizada", ficando com o aspecto transparente. A cachaça que vai pra barril geralmente ja tem a coloração original amarelada e no caso do barril de carvalho, quanto mais novo mais "tinta" e "retrogosto" deixa na bebida... pode perceber isso por exemplo em whiskys maturados. Essa cachaça é tão correta que chega a ser leiloada (a do lote de 98 por exemplo já vi chegar a mais de 500 reais uma garrafa de 500ml)
ResponderExcluirAgradeço seu comentário.
ExcluirNão há whisky 21 anos, nem rum, nem outra bebida destilada que alcance uma cor nem próxima àquela, nem mesmo com adição de corante caramelo (que por sinal, é largamente usado para dar cor a bebidas destiladas, de forma absolutamente legal).
A única possibilidade de um barril dar tanta cor (e dulçor) à cachaça era se fosse de um vinho doce de cor muito escura, como o Jerez PX, muito encrostada com vinho caramelizado às paredes. E mesmo isso, é uma possibilidade teórica, pois a Santo Grau PX envelhece nesses barris, obtém tanto açúcar do barril que é classificada como cachaça adoçada, e não chega nem à metade da cor.