Coquetéis com vinhos: tinto de verano

Li em um blog esta semana um comentário lamentável. O texto em questão se referia a um estudo que indicava que 66% dos americanos com idade entre 25 e 40 anos não se sentem constrangidos em misturar frutas ou suco de frutas em vinhos. Até aí, nada demais. O lamentável é a conclusão pedante do referido blog que diz que essas pessoas não gostam de vinho. Uma afirmação pedante, até mesmo ingênua e pretensiosa.

Este blogueiro em questão se prende a dogmas estúpidos que lhe foram 'ensinados' por outros pedantes, para posar de entendido. Mas é de uma mente pequena, limitada. Pelo argumento dele, quem faz caipirinha não gosta de cachaça, quem bebe café com leite não gosta de café, quem põe açúcar na limonada não gosta de limonada, quem passa manteiga no pão não gosta de pão. E existem pessoas de cabeça fechada que aplicam essas máximas, para posarem de entendidos. (Quer dizer, a da limonada, eu nunca ouvi.)

Creio que este pedantismo é mais recorrente em países com menos tradição em vinho, como Estados Unidos (o do blog em questão) e Brasil, e atrapalha a popularização da bebida (que possui uma imensa desvantagem climática para se popularizar aqui, no Brasil). Por outro lado, em países tradicionalíssimos - e de verão tórrido - como Itália e Espanha, as pessoas fazem coquetéis com vinhos sem nenhum remorso. Fazem suas sangrias, seus bellinis, rossinis, tintos de verão, etc. possibilitando apreciar seus vinhos mesmo durante os dias mais quentes.

Tinto de verão

Para selar meu apoio aos coquetéis com vinho, descrevo a minha mistura favorita. É a favorita por ser a mais fácil de se fazer, e por ser uma forma refrescante de tomarmos vinho tinto nos dias mais quentes: é o tinto de verano. É consumida principalmente na Espanha, mas também em Portugal. A receita mais básica consiste em misturar soda limonada com vinho tinto, mas eu encontrei outra, que achei mais interessante.

• Coloque bastante gelo em um copo (de preferência pedras grandes, para não derreter tão rápido;
• adicione vinho tinto até a metade do copo (um pouco mais ou ou um pouco menos, dependendo do gosto pessoal). Não precisa ser um grande vinho, basta um reservado da vida, mas não pode ser um intragável;
• coloque um pouco de limão. Basta uma leve espremida, o suficiente para dar um toque cítrico;
• complete com água tônica, e misture levemente, para homogeneizar a bebida, sem agitar demais para não perder o gás.

Tomemos vinho de todas as formas. Sozinho, acompanhado, puro, misturado. De vez em quando com alguma pompa, mas nunca com pedantismo. E sempre com moderação!