Texto da série: Descobrindo e Provando Portugal com a ViniPortugal
Este relato trata da minha visita a Portugal como convidado da Vinhos de Portugal. Caso ainda não tenha lido, leia o prólogo.Depois de almoçarmos na Quinta dos Termos, visitamos outra propriedade na Beira Interior: a Quinta do Cardo.
Fomos recebidos pelo gerente comercial de exportações, Rodrigo Leitão, e pelo enólogo, Luis Leocádio, que nos apresentaram e mostraram a quinta. Ela possui 179ha de extensão, sendo 80ha de vinhas, além de 60ha de pinheiros e sobreiros. Seu nome é derivado de uma planta, o cardo, que é utilizada no fabrico de queijo, pois tem ação coagulante.
Apesar de também estar na região da Beira Interior, está localizada em uma posição geográfica razoavelmente diferente. Enquanto a Quinta dos Termos se localiza na sub-região de Cova da Beira, mais ao sul, completamente abrigada pela Serra da Estrela, a Quinta do Cardo se localiza na sub-região de Castelo Rodrigo, mais ao norte, mais perto do rio Douro. Castelo Rodrigo é a região vinícola mais alta de Portugal, e as vinhas da Quinta do Cardo estão a altitudes acima de 700m. A altitude maior implica em temperaturas ainda mais frias, tanto no inverno, quanto nas noites de verão, trazendo muito frescor para os vinhos.
Uma moita de cardo |
Outra diferença está nas variedades cultivadas. A uva branca de excelência na Quinta do Cardo é a Síria, e as tintas são Touriga Nacional, Tinta Roriz, e em menor quantidade a Touriga Franca, que tem maior dificuldade de atingir o ponto ideal de maturação nessas altitudes.
A Quinta do Cardo pertence ao grupo Companhia das Quintas. Mas em vez de um grande grupo produtor e exportador, o que enxergamos nas estruturas da quinta e nos rostos da equipe que ali trabalha é o duro labor de uma vida rural e agreste.
A visita
A Quinta não costuma receber visitas turísticas, e não possui infra-estrutura para este fim. Visitamos o galpão de vinificação, com espaço para a recepção de uvas e os tanques de vinificação; depois passamos ao galpão com tanques de armazenamento de inox, onde os vinhos ficam armazenados até o engarrafamento. Vale lembrar que era inverno, por isso o frio era tão intenso, que havia uma pequena salamandra improvisada no meio do galpão, para aquecer o ambiente onde os vinhos estavam repousando, prevenindo a mudança brusca de temperatura. Em seguida, passamos à cave, com as barricas.Não tivemos exatamente uma degustação dos vinhos, mas sim uma pequena confraternização com a equipe da quinta, ali mesmo na cave, nos corredores, entre os barris. Trouxeram uma mesa repleta de queijos, enchidos e doces, que apreciamos em companhia da equipe, enquanto provávamos os vinhos da quinta. Não ouso fazer uma descrição dos vinhos que provei na ocasião. O ambiente, a comida, o posicionamento desajeitado entre as barricas, o cheiro defumado do aquecimento, enfim, foi apenas uma confraternização para conhecer e apreciar os vinhos, e não para analisá-los.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sintam-se livres para comentar, criticar, ou fazer perguntas. É possível comentar anonimamente, com perfil do Google, ou com qualquer uma das formas disponíveis abaixo. Caso prefiram, podem enviar uma mensagem privada para sobrevinhoseafins@gmail.com.