13 de maio de 2015

Peique Viñedos Viejos 2007, DO Bierzo

Eu provei bons vinhos em Portugal feitos com a uva Jaen. Mas o vinho espanhol com a Mencía - que em termos de DNA, é a mesma uva - tinha achado um vinho bem ordinário (era um D.O. Valdeorras). Isso, até semana passada, durante o curso de vinhos espanhóis, quando tive a oportunidade de provar um bom vinho da D.O. Bierzo.

Bierzo é uma Denominação de Origem localizada no nordeste espanhol. Pertence à região de Castilla y León, mas está desgarrada das outras áreas vinícolas da região, e localiza-se muito mais próxima à Galícia. Aliás, faz divisa com Valdeorras, e apesar de protegida pela Cordilheira Cantábrica, tem um clima com influência atlântica, e portanto muito mais ameno do que o restante de Castilla y León, com amplitudes de temperatura menos intensas, e pluviosidade um pouco maior.


A Mencía é a principal uva tinta da região, e este clima intermediário entre Galícia e Castilla y León, com chuvas no outono e primavera, e verões secos, somado ao relevo montanhoso e solo rico em xisto e calcário, formam as condições ideais para a maturação ideal desta variedade.

O vinho foi o Peique Viñedos Viejos 2007. É um vinho 100% Mencía, de vinhas de 70 anos (a safra de 2007) plantadas em altitudes que variam entre 450 e 580 metros, na D.O. Bierzo.

É produzido pelas Bodegas Peique, uma empresa familiar, atualmente na 3ª geração. A gerência é compartilhada pelos três irmãos, Jorge, Luis e Mar, com a enologia a cargo de Jorge Peique. A empresa cultiva tanto parcelas próprias, quanto arrendadas de vizinhos, somando um total de 40ha. 98% dos vinhedos são de Mencía, com 2% de Godello, para o único vinho branco que produzem.


A colheita é 100% manual. Para este vinho, as uvas passaram por maceração pré-fermentativa, seguida de fermentação alcoólica, e terminando com mais 10 a 25 dias de fermentação pós-fermentativa, com remontagem diária, fermentação malolática, e seguiu para estágio de 12 meses em barricas francesas, americanas e russas. Por fim, descansou mais 12 meses em garrafa, antes de ser vendido. Pelo tempo de guarda, poderia ser classificado como crianza, mas Jorge Peique prefere rotular seus vinhos sem especificar a classificação de envelhecimento.

O vinho apresentava cor rubi intensa, e nariz bem complexo, e com a madeira bem integrada, com notas de licor de cassis, couro, mentol, toques defumados, baunilha, fruta vermelha madura, e com o tempo o caráter balsâmico foi se destacando. Na boca, tinha bom corpo, excelente acidez, taninos intensos, aroma de boca com predominância do caráter balsâmico, licor, e final remetendo a café.


Os vinhos das Bodegas Peique são importados pela Decanter, mas a safra sendo comercializada atualmente é a 2010, que é feita de vinhas um pouco mais novas (45 - 55 anos), já que as mais velhas (70 anos ou mais) passaram a ser destinadas ao rótulo de categoria superior.

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