Recentemente, tive a oportunidade de conhecer uma boa parte da linha de produtos da Goedverwacht Wine Estate, da África do Sul, que foi importada pela Winelands. São vinhos interessantes, prazerosos, que fogem do padrão de vinhos de alto teor alcoólico que costumam ser importados de lá. Dentre eles, um me chamou a atenção: o Crane White Colombar 2014.
O Crane White Colombar 2014 é um vinho diferente. Primeiro, ele tem apenas 11% de álcool, e isso chega a ser um alívio, dado a grande quantidade de vinhos bombados por aí. Segundo, é feito de uma variedade francesa que, apesar de ser muito cultivada no pais, é pouco conhecida. Isso porque a Colombard (na África do Sul, normalmente referida como Colombar), é utilizada principalmente para a produção dos famosos Cognac e Armagnac. Além de destilados, ela também é usada na produção de vinhos brancos da Gasconha, no sudoeste da França, normalmente em corte. É raro encontrar um monovarietal desta uva.
Um espaço onde relato minhas experiências no mundo dos vinhos.
E eventualmente, também experiências relativas a outras bebidas.
31 de julho de 2015
24 de julho de 2015
Para quê o garçom te entrega a rolha no restaurante?
Você foi ao restaurante, e pediu um vinho. O garçom traz a garrafa até você, e mostra o rótulo, para que você possa conferir que foi exatamente o vinho que pediu. Você confirma: é esse mesmo. Então, ele pega o saca-rolhas, corta a cápsula da garrafa, tira a rolha, e te entrega. Ora, pra quê? O que se pode inferir dela? Muita gente, sem saber pra quê o garçom lhe entregou a rolha, cheira, sem saber o que esperar.
Pois bem, pra quê o garçom tradicionalmente entrega a rolha ao cliente? Para que ele possa conferir se a rolha vazou, como a da foto abaixo.
O vinho percorreu toda a altura da rolha, como é possível visualizar na foto acima, e um pouco do que vazou, secou e formou essa coroa tinta ao redor da parte de cima dela. No caso desta, a parte de fora já estava seca, mas poderia até mesmo ainda estar úmida, não importa. É quase certo que, assim como aconteceu com o vinho em questão, ele havia entrado em contato com oxigênio, e estava avinagrado. Não é como se fosse vinagre puro, mas como se tivessem pingado algumas gotas de vinagre dentro da garrafa.
Qual a chance de isso acontecer? Uma em mil? Uma em dez mil, provavelmente, mas acontece. Acho que foi a primeira vez que vi acontecer. E se isso ocorrer no restaurante, certamente você tem o direito de pedir para trocar a garrafa. Aliás, em um restaurante com serviço sério, com o vinho avinagrado, o sommelier nem deveria esperar o cliente pedir, já levaria a garrafa embora, e traria outra.
Como eu vi na minha visita a uma fábrica de rolhas, a indústria tem investido fortemente na melhoria da qualidade de seu produto, para que esse e outros problemas sejam cada vez mais raros. Mas acontecem, e por isso você ainda pode cruzar o caminho com uma. E se encontrar uma rolha assim, na dúvida, pode recusar a garrafa.
Pois bem, pra quê o garçom tradicionalmente entrega a rolha ao cliente? Para que ele possa conferir se a rolha vazou, como a da foto abaixo.
O vinho percorreu toda a altura da rolha, como é possível visualizar na foto acima, e um pouco do que vazou, secou e formou essa coroa tinta ao redor da parte de cima dela. No caso desta, a parte de fora já estava seca, mas poderia até mesmo ainda estar úmida, não importa. É quase certo que, assim como aconteceu com o vinho em questão, ele havia entrado em contato com oxigênio, e estava avinagrado. Não é como se fosse vinagre puro, mas como se tivessem pingado algumas gotas de vinagre dentro da garrafa.
Qual a chance de isso acontecer? Uma em mil? Uma em dez mil, provavelmente, mas acontece. Acho que foi a primeira vez que vi acontecer. E se isso ocorrer no restaurante, certamente você tem o direito de pedir para trocar a garrafa. Aliás, em um restaurante com serviço sério, com o vinho avinagrado, o sommelier nem deveria esperar o cliente pedir, já levaria a garrafa embora, e traria outra.
Como eu vi na minha visita a uma fábrica de rolhas, a indústria tem investido fortemente na melhoria da qualidade de seu produto, para que esse e outros problemas sejam cada vez mais raros. Mas acontecem, e por isso você ainda pode cruzar o caminho com uma. E se encontrar uma rolha assim, na dúvida, pode recusar a garrafa.
19 de julho de 2015
Penderyn Madeira Single Malt Welsh Whisky
Estava voltando de viagem, e de passagem pela loja de whiskies da área internacional do aeroporto de Londres, me deparei com umas garrafas de Penderyn Madeira Single Malt. É um whisky produzido no País de Gales, e envelhecido em barris de vinho Madeira! Adoro vinho Madeira, imagina o que suas barricas não poderiam fazer pelo whisky!?! Resultado, trouxe para casa uma garrafa.
Este wysgi (como eles gostam de se referir ao próprio produto) é produzido pela Penderyn, a única destilaria do País de Gales. Ela iniciou suas atividades em 2000, exatamente um século depois da última destilaria galesa ter encerrado as atividades, em 1900.
Este wysgi (como eles gostam de se referir ao próprio produto) é produzido pela Penderyn, a única destilaria do País de Gales. Ela iniciou suas atividades em 2000, exatamente um século depois da última destilaria galesa ter encerrado as atividades, em 1900.
12 de julho de 2015
Ktapodi Krasato, um prato típico grego
Harmonizado com um tinto do Nordeste brasileiro
O Ktapodi Krasato, ou polvo ao molho de vinho tinto, é um prato típico grego que conhecemos num restaurante muito interessante de São Paulo, o Acrópoles. Fomos lá duas vezes, e tudo que comemos, adoramos, mas o polvo ao vinho tinto encantou a Thais. Ela até quis fazer a receita em casa, em fevereiro deste ano, mas na ocasião, não havia polvo na feira, por isso, acabou saindo lulas ao vinho tinto, que ficou muito bom, também.
Aproveitando uma quantidade de restos de vinho tinto que se acumulava na geladeira, esta semana ela pensou de novo em fazer a receita, e por sorte, desta vez havia polvo. Então, ela finalmente conseguiu preparar o prato que ela queria (com algumas pequenas mudanças - toque de chef), e eu vou contar como foi que ela fez.
Rio Sol Alicante Bouschet Winemaker's Selection 2009
Quando a Thais fez a lula ao vinho tinto, há poucos meses, eu havia tentado harmonizar o prato com um vinho tinto - afinal, o prato era feito de vinho tinto! - mas não havia ficado completamente contente com o resultado. Desta vez, ela fez polvo ao vinho tinto, e mesmo insatisfeito com a harmonização da outra vez, resolvi tentar um vinho tinto novamente. O prato ficou tão bom, que resolvi escrever um texto só pra falar da harmonização: Ktapodi Krasato.
Sinceramente, mesmo antes dos aumentos de preços acarretados pelas mudanças nos tributos e pela vertiginosa desvalorização do Real, já não era fácil encontrar vinhos razoáveis por menos de R$30,00. Encontrei algumas recomendações abaixo desse preço, e gosto não se discute, mas provei algumas delas, e não gostei dos vinhos. Mas este Alicante Bouschet não é apenas razoável, é bom, mesmo. Bate facilmente muito vinho de R$50 a R$60, e também alguns de R$100 que não valem R$50.
Uma barganha
O assunto deste texto é o vinho que eu escolhi para acompanhar o prato: Rio Sol Alicante Bouschet Winemaker's Selection 2009. Eu tive a oportunidade de prová-lo, assim como vários outros da marca Rio Sol, na Expovinis deste ano. Eu gostei especialmente dos espumantes, e deste tinto. A representante da distribuidora do vinho, que estava no stand da feira, disse que ele sairia para o consumidor final a partir de R$32,00, o que não seria nada mal pela sua qualidade, mas não é que encontrei-o pouco depois no site da Sonoma, por R$18,00?Sinceramente, mesmo antes dos aumentos de preços acarretados pelas mudanças nos tributos e pela vertiginosa desvalorização do Real, já não era fácil encontrar vinhos razoáveis por menos de R$30,00. Encontrei algumas recomendações abaixo desse preço, e gosto não se discute, mas provei algumas delas, e não gostei dos vinhos. Mas este Alicante Bouschet não é apenas razoável, é bom, mesmo. Bate facilmente muito vinho de R$50 a R$60, e também alguns de R$100 que não valem R$50.
9 de julho de 2015
Primo Pinotage 2009
Pinotage não é das minhas uvas favoritas. Tanto que é a primeira vez que escrevo a respeito de um vinho feito com ela. E escrevo agora porque este vinho merece, é excelente. E isso me faz pensar que talvez o problema não seja a variedade de uva, mas sim os exemplares dela que normalmente são trazidos ao Brasil. Para mim, costumam ser desequilibrados, sem corpo, com pouca expressão, e com aromas desagradáveis.
Para quem não sabe, a Pinotage é uma variedade vitis vinifera autenticamente sulafricana. Ela foi desenvolvida em laboratório, em 1925, por um professor da Universidade de Stellenbosch, chamado Abraham Izak Perold. É um cruzamento entre a nobre Pinot Noir, com a menos conhecida Cinsault, que era mais conhecida na África do Sul como Hermitage. Daí, o nome: pinot + age. O objetivo deste cruzamento era obter uma variedade que tivesse a elegância e qualidade da primeira, com a resistência ao calor da segunda, já que o clima da África do Sul é bem diferente daquele onde normalmente reina a Pinot Noir.
Fairview é originalmente uma propriedade de 1693, que possuía cultivo de vinhas e criação de cabras, incluindo produção de leite e derivados, na de Paarl, África do Sul. Apenas a partir de 1974, a propriedade passou a engarrafar e distribuir os vinhos com marca própria. Ao mesmo tempo, abandonou o conceito de propriedade agrícola, e hoje é uma empresa com diversas propriedades, como diz o proprietário atual, Charles Back, buscando o terroir onde ele está.
O Primo Pinotage 2009 é seu Pinotage topo de gama. Feito de uvas colhidas a mão, das melhores parcelas, após a fermentação alcoólica, ele realizou malolática em barris, e depois estagiou mais 12 meses, uma parte em barris de carvalho francês, e outra parte, em carvalho americano, sendo que 40% era de barris novos. A sua cor rubi de média intensidade já começa a mostrar nuances atijoladas. O nariz é exuberante, trazendo uma nuance jovial de violetas, ao lado de aromas mais evoluídos, com frutas negras, caramelo, bálsamo e especiarias doces. Seu corpo elegante é composto de uma excelente acidez, taninos intensos, mas muito finos, e com seu 14% de teor alcoólico completamente equilibrado (e olha que eu tenho rejeição alta a vinhos alcoólicos, não gosto de vinho bombado). Ele termina com boa persistência, dominada pelas notas balsâmicas. Muito bom.
Para quem não sabe, a Pinotage é uma variedade vitis vinifera autenticamente sulafricana. Ela foi desenvolvida em laboratório, em 1925, por um professor da Universidade de Stellenbosch, chamado Abraham Izak Perold. É um cruzamento entre a nobre Pinot Noir, com a menos conhecida Cinsault, que era mais conhecida na África do Sul como Hermitage. Daí, o nome: pinot + age. O objetivo deste cruzamento era obter uma variedade que tivesse a elegância e qualidade da primeira, com a resistência ao calor da segunda, já que o clima da África do Sul é bem diferente daquele onde normalmente reina a Pinot Noir.
Fairview é originalmente uma propriedade de 1693, que possuía cultivo de vinhas e criação de cabras, incluindo produção de leite e derivados, na de Paarl, África do Sul. Apenas a partir de 1974, a propriedade passou a engarrafar e distribuir os vinhos com marca própria. Ao mesmo tempo, abandonou o conceito de propriedade agrícola, e hoje é uma empresa com diversas propriedades, como diz o proprietário atual, Charles Back, buscando o terroir onde ele está.
O Primo Pinotage 2009 é seu Pinotage topo de gama. Feito de uvas colhidas a mão, das melhores parcelas, após a fermentação alcoólica, ele realizou malolática em barris, e depois estagiou mais 12 meses, uma parte em barris de carvalho francês, e outra parte, em carvalho americano, sendo que 40% era de barris novos. A sua cor rubi de média intensidade já começa a mostrar nuances atijoladas. O nariz é exuberante, trazendo uma nuance jovial de violetas, ao lado de aromas mais evoluídos, com frutas negras, caramelo, bálsamo e especiarias doces. Seu corpo elegante é composto de uma excelente acidez, taninos intensos, mas muito finos, e com seu 14% de teor alcoólico completamente equilibrado (e olha que eu tenho rejeição alta a vinhos alcoólicos, não gosto de vinho bombado). Ele termina com boa persistência, dominada pelas notas balsâmicas. Muito bom.
8 de julho de 2015
Innis & Gunn Oak Aged Beer
Fui à padaria comprar pão, e resolvi comprar uma cerveja, para variar. Olhando os rótulos, havia uma, que eu nunca tinha ouvido falar, mas que me chamou atenção: Innis & Gunn Original Oak Aged Beer. Ao pé da garrafa, a etiqueta diz "cuidadosamente maturada por 77 dias". Uma cerveja maturada em carvalho, é algo pouco comum; e o fato de ser escocesa, produzida em Edimburgo, também contribuiu para que resolvesse levá-la.
1 de julho de 2015
Dönnhoff Oberhauser Leistenberg Riesling Kabinett 2011
Um nome complicado, um vinho diferenciado
Conheci este vinho em uma reunião da minha confraria este ano, com tema de vinhos alemães. Tem um nome complicado, como costumam ter os vinhos alemães, mas o nome reflete também o sistema de classificação de qualidade do país. Conhecer o nome ajuda a trazer sentido ao vinho, então deixe-me explicar cada parte.
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