31 de julho de 2015

Crane White Colombar 2014

Recentemente, tive a oportunidade de conhecer uma boa parte da linha de produtos da Goedverwacht Wine Estate, da África do Sul, que foi importada pela Winelands. São vinhos interessantes, prazerosos, que fogem do padrão de vinhos de alto teor alcoólico que costumam ser importados de lá. Dentre eles, um me chamou a atenção: o Crane White Colombar 2014.

O Crane White Colombar 2014 é um vinho diferente. Primeiro, ele tem apenas 11% de álcool, e isso chega a ser um alívio, dado a grande quantidade de vinhos bombados por aí. Segundo, é feito de uma variedade francesa que, apesar de ser muito cultivada no pais, é pouco conhecida. Isso porque a Colombard (na África do Sul, normalmente referida como Colombar), é utilizada principalmente para a produção dos famosos Cognac e Armagnac. Além de destilados, ela também é usada na produção de vinhos brancos da Gasconha, no sudoeste da França, normalmente em corte. É raro encontrar um monovarietal desta uva.


Goedverwacht

A Goedverwacht (pronuncia-se rut-fer-vart) se localiza no distrito de Robertson, na África do Sul. Ela pertence a Jan du Toit e sua esposa Marie. A história da empresa começou nas mãos do pai de Jan, que comprou 3 propriedades, nos anos 1960, que totalizaram 70ha. Após a morte do pai, Jan comprou outras propriedades locais, aumentando o tamanho total da propriedade para 220ha, sendo 152ha de vinhas, e 70ha para a produção de derivados de leite.

O distrito de Robertson é reconhecido pelo sistema de classificação Wines of Origin da África do Sul. Localizada dentro da região de Breede River Valley, encontra-se atrás de cadeias de montanhas que protegem o vale da influência dos oceanos. É portanto uma região de verões quentes e pouca chuva, necessitando irrigação freqüente para a produção de vinhos. À noite, ventos da montanha amenizam o calor, favorecendo uma maturação adequada.

Crane White Colombar

A Colombard é a variedade com maior área cultivada da propriedade, num total de 31ha. As vinhas têm 10 anos de idade, e a colheita ocorre no mês de janeiro, no início da manhã, quando o clima é mais fresco, para não prejudicar as uvas. Na adega, elas sofrem prensagem leve, para quebrar as cascas, e apenas o suco que escorre desta quebra é utilizado. Este primeiro suco a escorrer das uvas é muito mais transparente, e o vinho feito dele é chamado vinho de gota. Após a fermentação, o vinho é imediatamente filtrado, estabilizado e engarrafado.

Como é um vinho de gota, ele apresenta uma cor amarelo-verdeal de muito baixa intensidade. Também tem corpo levíssimo, com acidez na medida e apenas 11% de álcool, mas com muito sabor, franco, frutado. É simples, ideal ser apreciado bem frio à beira da piscina, ou na varanda observando o pôr-do-sol, e quando menos perceber, a garrafa terá acabado e você vai querer abrir outra.

Ele foi importado pela Winelands, e está na lista dos vinhos do mês do clube.

Uma curiosidade

O animal representado no rótulo é um grou azul (blue crane). Este pássaro, em risco de extinção, é um símbolo da África do Sul. Contam os proprietários que um filhote de grou azul foi encontrado na propriedade um dia. Cuidaram dele e o alimentaram até que ele tivesse condições de voltar à natureza. Em homenagem a este evento, criaram uma linha de rótulos com o nome do pássaro, e sua foto; uma parte do lucro dessas garrafas é doado para pesquisas que buscam preservar a espécie.

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