27 de março de 2016

Sardinhas com vinagrete de laranja

...e um branco de vinhas centenárias


Neste feriado, Thais quis experimentar uma nova receita, que viu na internet. O título do texto é um resumo bem simplista do prato. Trata-se de filés de sardinha enrolados, recheados com uma pasta de nozes, aliche, farinha de rosca e raspas de casca de laranja, grelhados na brasa. Quer dizer, a idéia de fazer na brasa foi da Thais, pois na receita que a inspirou, foram assadas no forno mesmo. E a vinagrete de laranja continha o suco de 1 laranja, mel, vinagre de vinho branco, raspas de laranja, e manjericão picado. Eu, que adoro sardinha só com sal grosso e azeite, estava cético com a mistura, porém gostei bastante do resultado. Uma combinação pouco ortodoxa, mas que deu certo.


Aproveitamos o fogo, e grelhamos também umas fatias de berinjela, temperada só com sal e azeite. E pra completar, a Thais ainda fez uma salada de bifum, com camarão, alface, radicchio, cenoura e bastante coentro, temperada com óleo de gergelim, limão, vinagre e sal. Uma delícia, onde o tostadinho do óleo de gergelim e a ligeira acidez do limão são coadjuvantes, mas que remetem a pratos orientais, e casam muito bem com o camarão.

Ela fez tudo, montou os peixinhos, fez o molho, a salada; eu só acendi o fogo, e pilotei a churrasqueira. Ah, e também preparei o vinho para acompanhar esse banquete. Eu escolhi o Domaine Lafage Centenaire 2013, da AOC Côtes du Roussillon. Esta região fica no extremo sul da França, perto da fronteira com a Espanha - perto dos Pirineus e do Mediterrâneo - e não é comum encontrar vinhos de lá aqui no Brasil. Também não é comum encontrar vinhos feitos com as variedades de uva usadas neste vinho: 80% de Grenache Blanc e Grenache Gris (duas mutações da Grenache, uma branca, e outra rosada); além de 20% de Roussane (que também é rosada).

Sardinhas enroladas, antes de irem para a churrasqueira

O vinho é produzido pelo Domaine Lafage, propriedade hoje com 160 hectares no Roussillon. Jean-Marc Lafage, proprietário, vem de família de vinhateiros. Rodou o mundo produzindo vinhos, mas voltou à terra natal, para iniciar este projeto com sua esposa Éliane. Comprou vinhedos em 3 terroirs diferentes do Roussillon; entre os quais, um vinhedo de vinhas centenárias de Grenache Blanc e Gris, em solo coberto de seixos arredondados, e de cara para o mediterrâneo. Deste vinhedo vêm os 80% de Grenache utilizados no vinho, e daí, o seu nome (Centenaire).


Ele tinha uma cor já tendendo ao dourado, mas ainda bem brilhante. Nos aromas, inicialmente, se destacavam frutas de caroço bem maduras, abacaxi, um toque cítrico de laranja, e ainda uma suave nota de mel. Com o tempo, notas florais e de giz apareceram e passaram a dar o tom do vinho. Tinha uma ótima acidez, que escoltava uma sensação untuosa, e boa persistência. De acordo com a ficha técnica do produtor, apenas 5% do vinho sofreu fermentação malolática, por isso, essa 'gordura' do vinho deve ter vindo da Grenache Gris. Ele conseguiu ter corpo e estrutura, e ao mesmo tempo um grande frescor. Casou tanto com o coentro na salada, quanto com a laranja e mel da vinagrete. Eu paguei R$79,90, na Evino, no mês de janeiro deste ano, e acho que valeu cada centavo. Muito vinho nessa faixa de preço não entrega o que ele entregou.

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