Um espaço onde relato minhas experiências no mundo dos vinhos.
E eventualmente, também experiências relativas a outras bebidas.
6 de março de 2016
Terras Altas Dão 1992
O que esperar de uma garrafa de Terras Altas Dão 1992, um vinho de entrada produzido pela José Maria da Fonseca, que custa míseros R$35 no supermercado, e que o próprio site do produtor recomenda que agüenta ser guardado por no máximo 5 anos após engarrafamento? Um amigo meu achou uma garrafa dessas, e chamou uns amigos para provarmos, e vermos se ainda prestava.
Pois bem, ao retirar a cápsula, havia um monte de 'poeira' acumulada sobre a rolha, como se tivesse sido corroída por cupim. Por isso, primeiro foi necessário lavar a ponta da garrafa, antes de abri-la. Um vinho com tanta idade, é muito provável que a rolha esteja frágil, e é necessário um cuidado extra para sacá-la. Por isso, meu amigo nem titubeou, e sacou seu saca-rolhas pinça. Com habilidade e cuidado, a rolha saiu inteira. E era possível observar que 80% dela já estava encharcada de vinho. Faltava pouco para vazar...
Ao servi-lo, era possível ver a cor bem envelhecida, totalmente granada, e com halo aquoso considerável. O aroma estava mais 'pra lá do que pra cá', remetendo a fungos, terra úmida, um toque Biotônico Fontoura, algum couro... nada de fruta. Na boca, tinha uma acidez acentuada, desequilibrada, e os taninos, depois de todo esse tempo guardado, ainda eram incrivelmente rugosos (porém de baixa intensidade).
Não houve consenso sobre o vinho estar avinagrado, ou não. Então talvez uma leve respirada poderia ajudá-lo a se abrir? Uma passagem rápida pelo decanter poderia ajudar? Tentamos. Para nossa surpresa, não havia borra no vinho. E a passagem pelo decanter não fez nada por ele. Nem melhorou, nem piorou.
Eu particularmente acho que ele tinha passado dessa pra melhor, e olha que gosto de vinhos velhos! O dono da garrafa achou que ainda estava bom. Deve estar certo, pois é possível encontrar a venda a safra 1970, ou ainda mais antigas, lá em Portugal! Você arriscaria comprar?
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Conheço uma senhora que guarda uma garrafa de Liebfraumilch dos anos 90, e esses dias me perguntaram se esse vinho estaria "no ponto" para ser aberto, tendo envelhecido todo esse tempo e talz.
ResponderExcluirSem considerar a má fama do rótulo mencionado, expliquei que esse tipo de vinho não é feito para envelhecer. Mas lendo seu texto fiquei pensando se não seria uma experiência no mínimo inusitada abri-lo.
Do pouco que me arrisquei em abrir garrafas com validade teoricamente vencida ainda não tive nada de ruim a dizer. Obviamente, as condições de preservação vão dizer muito se um vinho de entrada pode resistir meia década ou mais, mas está aí algo no qual talvez valha a pena arriscar de vez em quando.
Com certeza é uma experiência interessante, para compreender bem o que é a oxidação, quando um vinho fica velho. Com certeza ele não fará nenhum mal à saúde, ou pelo menos não fará mais mal do que já fazia quando novo, no caso do Liebfraumilch :)
ExcluirSe provar, não deixe de contar a experiência, lá no seu blog!
O vinho pode ter decepcionado na degustação,mas rendeu um belo texto.
ResponderExcluirObrigado! Fico feliz que tenha gostado!
ExcluirTenho uma garrafa dessa
ResponderExcluirQuando abrir, espero que possa voltar aqui para dizer como estava. Quem sabe, está espetacular? Um vinho com uma idade dessas pode apresentar enorme diferença de uma garrafa para outra.
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