10 de abril de 2016

Sushi harmoniza com Vinho Verde

Neste início de ano, os supermercados Pão de Açúcar fizeram mais uma vez a campanha de Vinhos Verdes, trazendo uma boa diversidade de rótulos. Entre os exemplos, estavam o Quinta da Lixa Loureiro (neste ano, com rótulo novo, exclusivo do Pão de Açúcar), e o Eira dos Mouros. Ambos, a R$29,90.

O objetivo do Pão de Açúcar é sempre ligar a imagem do Vinho Verde à do bacalhau, típico na Semana Santa; mas este ano, eu fiz uma combinação diferente, como o título do texto indica: sushi com Vinhos Verdes. Escolhi dois vinhos comprados no Pão de Açúcar - um branco e um rosé - para acompanhar o rodízio de sushis do restaurante Nashi Cambui (antigo Matsu), onde fomos com amigos.



O branco foi o Vilacetinho 2015, produzido pela Casa de Vilacetinho, na sub-região de Amarante. Possui singelos 10,5% de álcool, e 6g/L de açúcar residual, e custou apenas R$22,90. O outro foi o Estréia Rosé, da cooperativa ViniVerde, produzido majoritariamente a partir da casta tintureira Vinhão. Possui tão somente 10% de álcool, 14,4 g/L de açúcar, e custou R$24,90.

Açúcar residual

Eu já havia provado outros vinhos brancos com sushi antes, e não gostei. O shoyu anulava o vinho, deixava-o sem sabor e alcoólico. Eu tinha confiança que Vinhos Verdes se sairiam melhor, por serem mais leves, terem maior acidez, menos álcool, e ainda por terem a 'agulha', aquela leve frisância típica desses vinhos. Além de tudo isso, eu supus que o açúcar residual também poderia ser benéfico.


 O Vilacetinho, conforme mencionei acima, possui 6 gramas por litro, o que é mais do que suficiente para classificá-lo como semi-seco pela legislação brasileira. Porém, nos Vinhos Verdes, a concentração de açúcar sozinha não é suficiente para classificá-lo: é necessário analisar a relação entre acidez e açúcar. Por isso, ele é seco, apesar do que possa estar escrito no contra-rótulo brasileiro. Já o Estréia Rosé, não há como escapar: com seus 14,4 gramas por litro de açúcar, é definitivamente 'adamado', termo usado em Portugal para indicar sensações adocicadas nos vinhos. Porém sua acidez faz com que não seja nada enjoativo.


E o resultado não poderia ser outro: o Vilacetinho, muito bom exemplar de Vinho Verde, até acompanhou razoavelmente bem os sushis. Mas o Estréia Rosé foi bem melhor, conseguindo se impor mais frente ao shoyu, wasabi e até o tarê.


Esta harmonização mostrou, mais uma vez, que os vinhos semi-secos - que normalmente são injustamente menosprezados - têm seu lugar. Algumas vezes, podem ser uma opção melhor do que os vinhos totalmente secos. Basta escolher o vinho certo.

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