27 de agosto de 2016

Arroz de pato com vinho tinto

Inspirada no arroz de pato que comemos na casa de amigos no mês passado (que eu comentei aqui), Thais ficou com vontade de fazer em casa. Ela pegou a receita com nossos amigos, deu uma pesquisada, modificou um pouco, e fez a sua versão.


A principal característica da versão dela, é o vinho tinto. O pato (usamos duas coxas e 2 sobrecoxas, que foi o mínimo que encontramos para comprar) passou a noite na marinada com vinho tinto (uma garrafa), água (para ter certeza que a carne estava toda coberta) e os temperos (alho, folha de louro, alecrim, pimenta-do-reino e sal); no dia seguinte, o pato foi colocado para cozinhar no caldo da marinada; e no fim, o caldo ainda foi usado para cozinhar o arroz.

O preparo levou também lingüiça portuguesa em rodelas, cogumelos de Paris fatiados, ervilhas, macadâmias, e panceta refogada em cubinhos (para a decoração do prato). Ao final, o vinho tinto deixa a sua marca, mas como o pato e a lingüiça têm sabores fortes, o sabor do vinho não se sobrepôs, como deveria ser. Ficou muito bom!


Uma experiência

Para acompanhar pratos feitos a partir de pato, eu costumo escolher vinhos brancos encorpados, com passagem em madeira. Mas dessa vez, eu resolvi arriscar algo diferente, inspirado em um texto que li em outro blog. O autor do blog Vinho sem segredo sugeriu a escolha de vinhos tintos evoluídos para acompanhar arroz de pato. Me pareceu um teste interessante, e acreditei no sucesso da sugestão, principalmente considerando que nossa versão do prato levava vinho tinto no preparo.

E para tanto, eu escolhi o Querciolaia 2007, um tinto produzido pela Fattoria Mantellassi, na região de Maremma Toscana (Itália). Um vinhaço: encorpado, porém equilibrado e complexo. Ele é feito de uma uva que chamam de Alicante, que vem a ser a mesma Garnacha, da Espanha. E apesar de vir de um país diferente, ela tem uma longa história no litoral da Itália! Para contar essa história, eu dediquei um texto exclusivo ao vinho (clique aqui para ler).

Mas voltando à harmonização: o vinho, já com 9 anos, estava bem evoluído: cor granada, com certo halo aquoso, e aromas terciários (bálsamo, mentol, fumo e frutas passificadas). No entanto, mesmo após uma hora no decanter, era encorpado, sem sobra de álcool e com taninos bem firmes. No entanto, a 'química' entre o vinho e o prato não deu muito certo. O vinho não se sobrepôs; ao contrário, foi ele que se saiu prejudicado. Diante do arroz de pato, ele teve suas melhores qualidades anuladas (frutas e acidez), e ficou demasiadamente austero, tendo ressaltados os aromas de fumo e mentol, além do álcool.


Infelizmente, este vinho não deu certo com o prato. Mas ainda pretendo dar uma segunda chance a essa sugestão, tentar outro vinho, quando a oportunidade se apresentar.

Um comentário:

  1. A receita:
    (quantidades utilizadas para preparar 2 coxas e duas sobrecoxas de pato - rende facilmente 4 porções)

    Marinada:
    - uma cabeça de alho, descascada, e triturada no processador, junto de meia cenoura;
    - uma garrafa de vinho tinto (corpo médio);
    - um ramo de alecrim fresco;
    - 3 folhas de louro;
    - sal e pimenta do reino a gosto;
    Coloque o pato em uma vasilha, coloque todos os itens da marinada, e complete com água até ter certeza de que o pato está todo coberto. Deixe na geladeira durante a noite.

    No dia seguinte, cozinhe o pato e a marinada (partes sólidas e líquidas) na panela de pressão por 30 minutos. Após o cozimento, retire a pressão, coe, reservando a parte líquida. Retire também as folhas de louro, e o ramo de alecrim. Feche novamente a panela, e dê umas sacudidas: este procedimento irá desfiar o pato com mínimo esforço.
    Deixe o pato e o líquido reservados.

    O arroz:
    - linguiça portuguesa (meia linguiça é o suficiente);
    - uma bandeja de cogumelos de paris;
    - arroz (o suficiente para 4 pessoas);
    - um punhado de ervilhas congeladas;
    - um punhado de macadâmias;
    - um pedacinho de panceta;
    Corte a linguiça em rodelas, e fatie os cogumelos. Coloque a lingüiça em uma panela, sem óleo, e deixe refogar (ela libera a própria gordura). Quando estiver quase pronta, adicione os cogumelos para refogar também. Quando os dois estiverem prontos, coloque o arroz, e deixe refogar também. Em seguida, adicione o caldo (aquele com o vinho, que foi previamnte reservado). Coloque a quantidade suficiente para cozinhar o arroz. Quando estiver quase pronto, adicione as ervilhas, o pato desfiado, e opcionalmente, um pouco de macadâmias. Coloque um pouco mais de caldo, para ajudar a misturar os ingredientes recém adicionados.

    Mais um item opcional: doure um pouco de panceta em cubinhos, em uma frigideira. E coloque sobre o arroz, na hora de servir.

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