Em turma de enófilos, é assim: tomamos vinho até com bolo. No aniversário de um de nossos amigos, teve bolo feito em casa, de chocolate com recheio de coco e coberto com morangos. E para acompanhar, um vinho de sobremesa perfeito para chocolate: Alcyone, produzido pela Viñedo de los Vientos, no Uruguai. Essa vinícola se localiza próximo à costa uruguaia, entre Montevidéu e Punta del Este. Naquele ponto da costa, é oficialmente Oceano Atlântico, que traz os ventos que dão nome aos vinhedos.
Mitologia
Imagem original do livro Favorite Greek Myths (cópia obtida no Pinterest) |
A imagem do rótulo foi desenhada pelo ilustrador Troy Howell, para o livro Favorite Greek Myths, de Mary Pope Osborne. Ela mostra Alcyone, já em processo de metamorfose, sobrevoando o corpo de Ceyx. (Na realidade, o rótulo da garrafa 'omite' a imagem do corpo, mas a figura original pode ser vista ao lado).
Assim que ela o toca, ele também vira um pássaro, e sai voando com ela.
Vinho composto
De acordo com o site do produtor, este vinho foi elaborado a partir da combinação de técnicas de dois tipos de vinho italianos: Marsala e Barolo Chinato. Marsala é um vinho fortificado, produzido na Sicília. É adicionado aguardente no meio da fermentação, interrompendo o processo, e com isso mantendo boa parte do açúcar da uva.O Barolo Chinato, por sua vez, não é exatamente um tipo de Barolo - um dos mais cobiçados vinhos italianos. Trata-se de um vino aromatizzato, que passa por uma maceração com ervas e outros temperos. Ele é, ainda, adoçado e fortificado, para ganhar características de licor. Pela legislação brasileira, este tipo de produto é chamado de vinho composto: isto é, não é vinho puro.
Combinando as duas técnicas, o Alcyone é fortificado no meio da fermentação (assim como o Marsala), retendo açúcar da uva e, portanto, não sendo necessária adição de açúcar. E em seguida, tal como o Barolo Chinato, ele é aromatizado com raízes e ervas. E ao final, ele envelhece por 'vários anos' (de acordo com o produtor) em barris de carvalho francês.
O vinho
Logo ao provarmos, o aroma de chocolate do vinho saltava da taça. Ele tinha uma cor densa, escura, de tonalidade rubi. No aroma, abaixo da potência do chocolate em pó, haviam toques de caramelo e geléia de frutas vermelhas. Não percebi ervas ou raízes, da maceração a que foi submetido. Tampouco senti características oxidativas, que poderiam ser resultado dos 'vários anos' de envelhecimento em barris.Na boca, tinha taninos doces, mas perceptíveis - mais uma vez sem evidência dos 'vários anos' de envelhecimento. Tinha doçura intermediária e acidez bem equilibrada com o nível de doçura. Seu corpo apresentava untuosidade típica de vinhos licorosos, porém mais leve e menos alcoólico do que um Porto Ruby. O sabor confirmava o nariz, remetendo fortemente ao chocolate em pó (me lembrou imediatamente aquele 'do padre', usado na confecção de sobremesas e bolos de chocolate), e uma boa persistência, esperada em vinhos como esse. Apesar do forte aroma de chocolate, não é enjoativo: não é tão doce, e tem uma boa acidez. Além disso, a combinação com o bolo foi perfeita.
Eu tinha uma certa resistência no passado, mas de uns tempos pra cá comecei a me interessar mais por esses vinhos que desviam um pouco do método de vinificação clássico (que incorporam intervenções como as que você descreveu).
ResponderExcluirObrigado pela avaliação, vou incluir o Alcyone na minha lista de prováveis aquisições nos vinhos dessa categoria.
Da Viñedo de los Vientos já provei o Estival, que achei agradável.
Um abraço e saúde!
Este foi o primeiro que provei deles. E depois do Alcyone, fiquei com vontade de provar o Eolo Gran Reserva. Está até com bom preço na Wine, mas estou precisando baixar o estoque antes de comprar mais vinho...
ExcluirUm abraço!
Quero comprar tannah Alcyione
ResponderExcluirOlá Aluno1,
Excluiros vinhos da Viñedo de los Vientos são importados pela Wine. No momento, está em falta, por isso é necessário ficar consultando o site para ver quando chegar mais.