Um brinde ao dia nacional da cachaça!
No início do ano passado, estava eu de passagem por BH, quando da ocasião do aniversário de um amigo do meu pai. Para marcar a data, ele chamou familiares e amigos mais próximos, para um churrasco, e tomar uma cerveja. E nós, certamente, fomos lá prestigiá-lo. Sabendo que somos apreciadores de boas bebidas, o pessoal da casa nos apresentou algo especial: uma Cachaça Santa Rosa X anos. Os familiares, que já tinham provado antes, a enalteciam sua maciez, seu sabor diferente de qualquer outra que já haviam tomado. O irmão do aniversariante chegou a dizer que o gosto era familiar, mas ele só não conseguia associar com o quê. Quando eu cheirei a cachaça, disse "lembra whisky". É isso! Ao serem lembrados, todos imediatamente associaram o aroma de whisky na cachaça.
A cachaça recebe o nome da fazenda onde é produzida, no município de Valença, Rio de Janeiro; fazenda esta que pertence à família Pentagna Guimarães, desde a segunda metade do século XIX, quando o imigrante Vito Pentanga a adquiriu, trouxe engenhos da Europa, e começou a produção de cachaça [*]. Além de negociante, tinha na indústria têxtil sua principal renda; e a produção de cachaça era apenas um hobby, uma paixão.
Desde então, a família Pentagna Guimarães cresceu e prosperou. O filho de Vito Pentagna, Antônio Mourão Guimarães, criou o banco BMG, e a mineradora Magnesita, nos anos 1930 e 1940 [*]. Mas foi um de seus netos, Lúcio Pentagna Guimarães que 'herdou' a produção de cachaça na Santa Rosa, e a profissionalizou, a partir da década de 1960. Mas também para ele, a cachaça era apenas um hobby, já que seus negócios principais estavam nas áreas de mineração e agronegócio, reunidos sob o grupo Unitas.
Há um ano, exatamente em setembro de 2015, Lúcio Pentagna Guimarães faleceu, e os negócios da família estão nas mãos das filhas e netos. E um ano depois, o negócio da cachaça parece seguir firme e forte. Com uma linha de 5 cachaças diferentes, com envelhecimentos 1 a 14 anos, venho tendo notícia de diversas ações de divulgação da marca, além de estarem disponíveis em lojas especializadas e mesmo no aeroporto de Belo Horizonte.
Desde então, eu tomei da Santa Rosa 8 anos e esta, a 10 anos, em algumas ocasiões. E a boa impressão inicial se manteve. Como dois destilados de grande qualidade, são macias, sem queimação do álcool. Quanto aos aromas, o característico aroma da cachaça é acompanhado de aromas marcados da madeira, tornando-a um produto diferenciado. Na 8 anos, me lembrou coco queimado, como aquele que que costuma se apresentar em Chardonnays barricados. Já a 10 anos, que tomei novamente esses dias, mais uma vez me lembrou whisky, com um defumado e até mesmo notas de malte. Seria impressão? Ou essa versão 10 anos maturou em barris usados de whisky? Não sei. Só sei que é um produto diferenciado, mais uma exemplo de cachaça de qualidade, que mostra que nosso destilado não deve nada aos dos outros.
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