29 de outubro de 2016

Ludwig Wagner & Sohn Ortega Auslese 2008

No primeiro semestre, escrevi a respeito de um vinho feito da uva Ortega (relembre aqui). É uma variedade pouco conhecida, criada na Alemanha, e cultivada principalmente em lugares muito frios. Naquela ocasião, o vinho era um Trockenbeerenauslese (ou TBA, para quem não consegue ler esse palavrão) - o topo da hierarquia do vinho alemão. Pois este mês conheci a versão Auslese (colheita tardia) do mesmo vinho. Ele se chama Ludwig Wagner & Sohn Maikammerer Mandelhöhe Ortega Auslese 2008, um nome curto e fácil de ler (#sqn), como é comum nos vinhos alemães.


Este Auslese - assim como o TBA do semestre passado - é produzido pela Ludwig Wagner & Sohn, uma vinícola familiar localizada no município de Maikammer, na região de Pfalz, Alemanha. Eles cultivam também outras variedades de uva; mas aproveitam o potencial da Ortega de suportar climas mais frios, para produzirem com ela apenas vinhos de sobremesa.

A família produz 3 estilos de vinho de sobremesa com a mesma variedade, utilizando um processo que é bem comum na Alemanha: em vez de colher todas as uvas de uma vez, eles realizam diversas colheitas, ao longo do outono. No caso dos vinhedos de Ortega, a primeira colheita ocorre algumas semanas após a maturação, quando as uvas já estão murchando; ou seja, é uma colheita tardia. Mas nessa primeira vez, colhem apenas parte dos cachos, deixando o restante secar ainda mais nos pés - e concentrando mais açúcar. Algum tempo depois, eles passam novamente colhendo - dessa vez, grão a grão - as uvas para o vinho Beerenauslese (BA). E antes do inverno chegar, eles passam mais uma vez, para colherem individualmente as uvas passificadas no pé, para produzir o TBA. A cada passada, o vinho é cada vez mais concentrado, em açúcar e sabor.

O Auslese é, portanto, a versão menos doce (97 g/L, contra 222g/L do TBA). Mas assim como o outro, tem uma enorme acidez (7,7 g/L). Tem cor dourada brilhante, e aroma exuberante, que remete a frutas em calda (principalmente pêssego), damascos secos, mel, e um pequeno aroma de botrytis. A doçura, apesar de menor que de um TBA, está acima da maioria dos colheitas tardias, mas a acidez predomina, e convida ao próximo gole. Ele possui uma certa untuosidade na boca, causada pela concentração de açúcar, baixo teor alcoólico (11,4%), e longa persistência aromática.

Esse Auslese pode não ser tão nobre quanto o TBA, mas é bem mais em conta. Além disso, é muito superior à maioria dos colheitas tardias do mercado. Portanto, se a oportunidade de tomar um golinho do TBA não cair no seu colo (como aconteceu comigo), tem ainda a opção Auslese, para poder tomar um vinho de sobremesa alemão de alto nível.

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