Dentre os rótulos que atraíram minha atenção estavam o Blanquette de Limoux Brut Reserve e o Crémant de Limoux Brut Reserve do Château Beausoleil. Esse Château é na realidade uma marca da Maison Salazar, uma empresa familiar da região de Limoux, que em 2012 passou ao controle do grupo Domaines Bonfils. Mas sendo sediada e totalmente localizada em Limoux, a Maison Salazar é dedicada às especialidades da região: o Crémant de Limoux e o Blanquette de Limoux.
Limoux
Limoux clama para si a invenção dos vinhos espumantes. O registro mais antigo deste tipo de vinho data de 1531 [*], mais de 2 séculos antes de Champagne. A área dessa apelação está localizada no sul da França, na região do Languedoc-Roussillón, porém se caracteriza por uma maior altitude e maior distanciamento da costa, o que lhe confere um clima mais frio - mais adequado à produção de uvas para espumantes.A variedade de uva mais tradicional da região é a Mauzac, que em Limoux é chamada de Blanquette, e é pouco difundida em outras partes da França. Ela está historicamente ligada à tradição da região em espumantes, que hoje é representada pelo Blanquette de Limoux. É uma variedade relativamente tardia, que retém bastante acidez, e por isso, é muito adequada para produção deste estilo de vinho. No entanto, ela tem perdido espaço principalmente para a Chardonnay, que tem mais apelo de mercado, e compõe majoritariamente a versão mais 'moderna' dos espumantes locais: os Crémants de Limoux.
Os espumantes da região, seja Blanquette ou Crémant, pertencem a uma categoria de espumantes franceses de alta reputação, abaixo apenas dos Champagnes. São produzidos pelo método tradicional - segunda fermentação em garrafa, com um período mínimo de 9 meses sobre as borras.
Os espumantes
Segundo as fichas técnicas do produtor, o Blanquette de Limoux estagiou por 9 meses sobre as borras. Ele figurou no ClubeW Espumantes, em abril de 2016 (que hoje está a R$62 por garrafa, mas não sei como estava em abril). Já o Crémant de Limoux passou 15 meses (tempo exigido para um Crémant se classificar como Reserve).Ambos estavam no saldão de novembro por R$41 e R$42, aproximadamente; bem abaixo do preço do clube. Creio que o site precisava mesmo desová-los, pois ainda estavam em boas condições, mas já mostravam traços de que não deveriam ser guardados por mais tempo. Em ambos, a rolha já estava completamente embebida, e tinha perdido completamente a elasticidade: ao abrir a gaiolinha, ela pulou fora com a pressão. Quando a rolha está assim, significa que ela não está mais vedando o espumante de forma efetiva. E portanto, ele pode começar a perder gás, acidez, aromas frutados, e ganhar amargor. Os espumantes ainda não apresentavam nenhum desses problemas, por isso, foram uma boa compra. Mas certamente é um risco guardá-los para o ano que vem.
Ambos tinham cor amarelo-palha, perlage adequado, aromas mais destacados das leveduras do que de frutas. Para mim, o Blanquette me lembrou algo de coco. Na boca, eram equilibrados, sem amargor, e com acidez sem destaque, mas suficiente. O Crémant me pareceu ter uma doçura mais pronunciada, mas nada enjoativo.
Minha avaliação final é que tendem um pouco mais ao lado doce - o que desagrada aos que sofrem de 'glicofobia', mas agradam à maioria de quem não é enochato; por outro lado, apresentaram uma boa dose de complexidade, compatível com o tempo de cave, mas muito pouco provável de se encontrar em um vinho da faixa de preço de R$40 (talvez só o Adolfo Lona tenha vinhos tão complexos nessa faixa de preço). Seriam uma boa opção por R$60, e foram ótimas compras por R$40. Só é preciso cuidado: se têm dele em casa, cuidado ao abrir, e consumam rápido.
Adorei o post, estava pesquisando o Blanquette de Limoux, também comprei na mesma situação e espero ter a mesma sorte. Feliz 2017 ����
ResponderExcluirObrigado, Ellen. Feliz 2017 pra você também. Espero que tenha gostado do espumante (já supondo que o tenha aberto na noite de reveillón)!
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