28 de dezembro de 2016

Château Beausoleil - Blanquette e Crémant de Limoux

Este ano, a Wine novamente optou por não fazer nenhuma campanha da onda Black Friday, mas fez um longo bota-fora de espumantes durante o mês de novembro, com algumas boas oportunidades para compor o estoque de final de ano. Entre o certo do Adolfo Lona, e espumantes que eu ainda não conhecia, a maior parte do meu estoque foi do primeiro (como comentei aqui), mas arrisquei umas poucas garrafas da promoção da Wine para conhecer alguns espumantes que tinham preços bem convidativos.

Dentre os rótulos que atraíram minha atenção estavam o Blanquette de Limoux Brut Reserve e o Crémant de Limoux Brut Reserve do Château Beausoleil. Esse Château é na realidade uma marca da Maison Salazar, uma empresa familiar da região de Limoux, que em 2012 passou ao controle do grupo Domaines Bonfils. Mas sendo sediada e totalmente localizada em Limoux, a Maison Salazar é dedicada às especialidades da região: o Crémant de Limoux e o Blanquette de Limoux.


Limoux

Limoux clama para si a invenção dos vinhos espumantes. O registro mais antigo deste tipo de vinho data de 1531 [*], mais de 2 séculos antes de Champagne. A área dessa apelação está localizada no sul da França, na região do Languedoc-Roussillón, porém se caracteriza por uma maior altitude e maior distanciamento da costa, o que lhe confere um clima mais frio - mais adequado à produção de uvas para espumantes.

A variedade de uva mais tradicional da região é a Mauzac, que em Limoux é chamada de Blanquette, e é pouco difundida em outras partes da França. Ela está historicamente ligada à tradição da região em espumantes, que hoje é representada pelo Blanquette de Limoux. É uma variedade relativamente tardia, que retém bastante acidez, e por isso, é muito adequada para produção deste estilo de vinho. No entanto, ela tem perdido espaço principalmente para a Chardonnay, que tem mais apelo de mercado, e compõe majoritariamente a versão mais 'moderna' dos espumantes locais: os Crémants de Limoux.

Os espumantes da região, seja Blanquette ou Crémant, pertencem a uma categoria de espumantes franceses de alta reputação, abaixo apenas dos Champagnes. São produzidos pelo método tradicional - segunda fermentação em garrafa, com um período mínimo de 9 meses sobre as borras.


Os espumantes

Segundo as fichas técnicas do produtor, o Blanquette de Limoux estagiou por 9 meses sobre as borras. Ele figurou no ClubeW Espumantes, em abril de 2016 (que hoje está a R$62 por garrafa, mas não sei como estava em abril). Já o Crémant de Limoux passou 15 meses (tempo exigido para um Crémant se classificar como Reserve).

Ambos estavam no saldão de novembro por R$41 e R$42, aproximadamente; bem abaixo do preço do clube. Creio que o site precisava mesmo desová-los, pois ainda estavam em boas condições, mas já mostravam traços de que não deveriam ser guardados por mais tempo. Em ambos, a rolha já estava completamente embebida, e tinha perdido completamente a elasticidade: ao abrir a gaiolinha, ela pulou fora com a pressão. Quando a rolha está assim, significa que ela não está mais vedando o espumante de forma efetiva. E portanto, ele pode começar a perder gás, acidez, aromas frutados, e ganhar amargor. Os espumantes ainda não apresentavam nenhum desses problemas, por isso, foram uma boa compra. Mas certamente é um risco guardá-los para o ano que vem.

Ambos tinham cor amarelo-palha, perlage adequado, aromas mais destacados das leveduras do que de frutas. Para mim, o Blanquette me lembrou algo de coco. Na boca, eram equilibrados, sem amargor, e com acidez sem destaque, mas suficiente. O Crémant me pareceu ter uma doçura mais pronunciada, mas nada enjoativo.


Minha avaliação final é que tendem um pouco mais ao lado doce - o que desagrada aos que sofrem de 'glicofobia', mas agradam à maioria de quem não é enochato; por outro lado, apresentaram uma boa dose de complexidade, compatível com o tempo de cave, mas muito pouco provável de se encontrar em um vinho da faixa de preço de R$40 (talvez só o Adolfo Lona tenha vinhos tão complexos nessa faixa de preço). Seriam uma boa opção por R$60, e foram ótimas compras por R$40. Só é preciso cuidado: se têm dele em casa, cuidado ao abrir, e consumam rápido.

2 comentários:

  1. Adorei o post, estava pesquisando o Blanquette de Limoux, também comprei na mesma situação e espero ter a mesma sorte. Feliz 2017 ����

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    Respostas
    1. Obrigado, Ellen. Feliz 2017 pra você também. Espero que tenha gostado do espumante (já supondo que o tenha aberto na noite de reveillón)!

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