A Pinot Noir é uma casta difícil de trabalhar. Delicada, e muitas vezes incompreendida, seus vinhos - principalmente os feitos na América Latina - são freqüentemente acusados de serem ou simples demais, ou super-extraídos, dificilmente caindo no gosto de paladares muito exigentes. Mas a Bodega Irurtia conseguiu esse equilíbrio de forma bastante exitosa, produzindo um vinho que ao mesmo tempo tem a elegância que se espera na Pinot Noir, associada a complexidade e bom volume.
Sua cor é rubi de baixa intensidade, como deve ser um bom Pinot. Seu aroma é complexo, trazendo frutas negras maduras, um leve tostado (12 meses em barrica), e ainda notas balsâmicas e mentoladas. Na boca, ele tem bom volume, boa acidez, taninos compatíveis com um Pinot Noir - presentes, mas não muito intensos. Não tem nenhum amargor - um problema comum aos exemplares super-extraídos - e os 14,4% de álcool estão totalmente integrados. O final é longo, compatível com um bom vinho de guarda.
A primeira garrafa, recebi em Janeiro de 2015, pelo clube de vinhos Winelands. Eu a levei em um jantar na casa de amigos, onde acompanhou com maestria um carré de cordeiro ao molho de gengibre, e risoto de arroz negro com cogumelos. Fiquei bem empolgado com o vinho, que mostrou ter ao mesmo tempo a estrutura e a delicadeza necessárias para acompanhar o carré (tintos muito tânicos matam o cordeiro, e por isso o Pinot Noir tem sido cada vez mais recomendado).
Em novembro do ano passado, a Winelands fez uma promoção, e aproveitei para comprar algumas garrafas por R$75, o que foi uma pechincha, pelo que o vinho apresenta. Desde então já o tomei mais algumas vezes, e ele sempre correspondeu à expectativa. Para quem gosta de Pinot Noir, e inclusive para quem costuma reclamar dos Pinots da América do Sul, recomendo esse.
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