22 de junho de 2017

Apollonio Diciotto Fanali Salento Rosato

O que esperar de um vinho rosé com 6 anos de idade? Certamente, é uma experiência inusitada. Até porque, raramente algum produtor se dispõe a fazer um rosé que possa ser guardado por tanto tempo. Mas a Casa Vinicola Apollonio - empresa familiar centenária (de 1870), localizada em Salento, no calcanhar da "Bota" - foi contra a maré, e fez.


O Apollonio Diciotto Fanali Salento Rosato 2011 foi produzido a partir de vinhas velhas (sem informação da idade) de Negroamaro, plantadas em arbusto (alberello). O nome, que significa "18 luminárias", faz referência aos postes de luz que foram instalados quando a luz chegou à cidade de Monteroni di Lecce, onde fica a sede da vinícola. O desenho do rótulo, que enrugou em minha adega, também faz referência a esses postes de luz.

As uvas para produção deste vinho foram colhidas a mão, quando estavam sobremaduras - a colheita é atrasada alguns dias, para aumentar o teor de açúcar. Após a fermentação, o vinho envelheceu por 12 meses em barris de acácia, e mais 6 meses em garrafa, antes de ser vendido. Peraí: barris de acácia? Que novidade é essa?

Parece novidade, por ser raro, mas barris de acácia já foram muito usados no passado, principalmente na França, Espanha e Itália do Século XIX. Eles eram/são usados principalmente para envelhecer vinhos brancos, promovendo micro-oxigenação, sem fornecer taninos, nem aromas tostados ou de baunilha. De acordo com relatos, ela também contribui com aromas florais, intensifica a tonalidade da cor amarela, e incrementa a estrutura do vinho.


O vinho foi fechado com uma rolha de cortiça de 50 milímetros, o que demonstra a visão do produtor, de que se trata de um vinho de guarda. Ele tinha cor salmão acobreada de alta intensidade, mostrando sinais de evolução, mas ainda com bom brilho. No nariz, a nota mais evidente era de caramelo, somada a leves notas de iodo e farmácia, e a fruta, efêmera, difícil de distinguir. Na boca, a fruta se mostrou mais clara, lembrando morango, mas com bastante evolução, como creme balsâmico. Era um rosé de perfil encorpado, seco e de média acidez, suficiente para não deixar sobrar álcool (14%), nem transparecer amargor, mas sem destaque. Também não tinha uma longa persistência.

Eu o comprei por R$84, na Casa do Vinho, importadora com lojas em BH. Levei-o à casa de uma casal de amigos, para uma noite de fondue. Achei que o perfil encorpado e de acidez moderada calharia com a cremosidade do queijo derretido, e estava certo: o vinho melhorou muito na companhia do fondue.

Esta não foi a primeira vez que experimentei um rosé de idade: já havia comentado há alguns anos a respeito do Château Simone Rosé 2005, com 9 anos de idade. Assim como a impressão que tive com aquele vinho, foi uma experiência interessante; mas não me incomodaria se ele tivesse um pouquinho mais de vitalidade.

Sobre barris de acácia

Caso queiram se aprofundar um pouquinho a respeito do uso de acácia para envelhecer vinhos, seguem alguns textos interessantes:

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