Inspirado pelo dia nacional do vinho, neste domingo, aproveito para comentar um baita vinho nacional que conheci em uma degustação de uma de minhas confrarias este ano. Trata-se do Guatambu Épico, primeira edição deste vinho não-safrado produzido pela vinícola Guatambu.
Ele não possui safra, pois foi feito a partir de um corte de vinhos de diferentes anos: 2011, 2012, 2013, e 2014. Esses vinhos, de 4 variedades diferentes - Tannat, Cabernet Sauvignon, Merlot e Tempranillo, permaneceram em suas respectivas barricas até o momento do corte - novembro de 2014. O tempo de envelhecimento médio, de acordo com a vinícola, foi de 2 anos. Após um mês de estabilização, foi engarrafado em dezembro do mesmo ano, e lançado no mercado por ocasião da Expovinis, no ano seguinte.
A Guatambu era uma tradicional empresa familiar do ramo da agropecuária, com sede em Dom Pedrito, na Campanha Gaúcha. O projeto de produção de vinhos se iniciou em 2003, pelas mãos de Gabriela Hermann Pötter, 3ª geração da família, que se havia se formado em agronomia, e convenceu o pai a plantar o primeiro meio hectare com uvas Cabernet Sauvignon. Hoje, já possuem 21,5 hectares plantados dentro da propriedade da família, nos arredores de Dom Pedrito, na fronteira com o Uruguai.
Apesar da exploração vinícola na Campanha ser bem mais recente do que a da Serra Gaúcha, especialistas apontam que a região possui um maior potencial para variedades de maturação tardia, como a Cabernet Sauvingon, devido ao clima. Além de ser menos sujeita a chuvas durante o período de maturação, possui mais horas de sol ao longo do ano. A Guatambu diz ser beneficiada por mais de 2300 horas de sol por ano. Por essa razão, a região vem se destacando na produção de vinhos tintos.
O vinho tinha cor rubi de média intensidade, sem nenhuma evidência da idade. O aroma, inicialmente tímido, mostrava uvas em perfeita maturação: frutas negras maduras, xarope de groselha, tostado, um toque de baunilha, e com o tempo mostrou um aroma de bananinha (doce de banana), e também mentol. Tinha corpo médio, com taninos de média intensidade e boa qualidade, acidez com um destaque positivo, e uma grande expressividade em boca, cheio de sabor e com longa persistência (maior que 14 segundos). Foi o meu favorito no painel de vinhos da Campanha, e demonstra que o Brasil produz sim bons vinhos, resultados de uvas sãs e plenamente maduras. Só achei um pouco caro: entre R$160 e R$185, fora da faixa de preço que eu costumo pagar em um vinho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sintam-se livres para comentar, criticar, ou fazer perguntas. É possível comentar anonimamente, com perfil do Google, ou com qualquer uma das formas disponíveis abaixo. Caso prefiram, podem enviar uma mensagem privada para sobrevinhoseafins@gmail.com.