4 de junho de 2017

Guatambu Épico

Inspirado pelo dia nacional do vinho, neste domingo, aproveito para comentar um baita vinho nacional que conheci em uma degustação de uma de minhas confrarias este ano. Trata-se do Guatambu Épico, primeira edição deste vinho não-safrado produzido pela vinícola Guatambu.


Ele não possui safra, pois foi feito a partir de um corte de vinhos de diferentes anos: 2011, 2012, 2013, e 2014. Esses vinhos, de 4 variedades diferentes - Tannat, Cabernet Sauvignon, Merlot e Tempranillo, permaneceram em suas respectivas barricas até o momento do corte - novembro de 2014. O tempo de envelhecimento médio, de acordo com a vinícola, foi de 2 anos. Após um mês de estabilização, foi engarrafado em dezembro do mesmo ano, e lançado no mercado por ocasião da Expovinis, no ano seguinte.

A Guatambu era uma tradicional empresa familiar do ramo da agropecuária, com sede em Dom Pedrito, na Campanha Gaúcha. O projeto de produção de vinhos se iniciou em 2003, pelas mãos de Gabriela Hermann Pötter, 3ª geração da família, que se havia se formado em agronomia, e convenceu o pai a plantar o primeiro meio hectare com uvas Cabernet Sauvignon. Hoje, já possuem 21,5 hectares plantados dentro da propriedade da família, nos arredores de Dom Pedrito, na fronteira com o Uruguai.

Apesar da exploração vinícola na Campanha ser bem mais recente do que a da Serra Gaúcha, especialistas apontam que a região possui um maior potencial para variedades de maturação tardia, como a Cabernet Sauvingon, devido ao clima. Além de ser menos sujeita a chuvas durante o período de maturação, possui mais horas de sol ao longo do ano. A Guatambu diz ser beneficiada por mais de 2300 horas de sol por ano. Por essa razão, a região vem se destacando na produção de vinhos tintos.

O vinho tinha cor rubi de média intensidade, sem nenhuma evidência da idade. O aroma, inicialmente tímido, mostrava uvas em perfeita maturação: frutas negras maduras, xarope de groselha, tostado, um toque de baunilha, e com o tempo mostrou um aroma de bananinha (doce de banana), e também mentol. Tinha corpo médio, com taninos de média intensidade e boa qualidade, acidez com um destaque positivo, e uma grande expressividade em boca, cheio de sabor e com longa persistência (maior que 14 segundos). Foi o meu favorito no painel de vinhos da Campanha, e demonstra que o Brasil produz sim bons vinhos, resultados de uvas sãs e plenamente maduras. Só achei um pouco caro: entre R$160 e R$185, fora da faixa de preço que eu costumo pagar em um vinho.

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