1ª tentativa
Em Campinas, o mais recomendado restaurante para comer um leitão à Bairrada é a Quinta do Marquês. Eu já tinha ido lá e provado o leitão, porém sem espumante, e achei uma delícia. Quando o grupo da confraria da Thais resolveu marcar ali um jantar de confraternização, pensei que seria uma boa oportunidade, e solicitei uma garrafa do espumante tinto Casa de Sarmento, que o restaurante possuía em adega.Não sei se o vinho era velho demais (safra 2006), ou se foi apenas mal conservado, mas eles abriram 3 garrafas chocas, e só a 4ª garrafa possuía gás de acordo. Mesmo assim, não estava muito gostoso. Pouca fruta, pouco frescor, sabor dominado por chocolate e especiarias. E pra piorar, naquele dia, o leitão não estava legal. Com a pele borrachuda, igual chicletes, parecia 'reacondicionado' (um eufemismo).
Raposeira
Eu comentei a experiência com a Ana, sommelière da Excelência Vinhos, e um tempo depois, ela me mandou o convite pra uma degustação na loja, de produtos da importadora Épice, dentre os quais, o Raposeira Super Reserva Tinto Bruto.A Raposeira produz exclusivamente espumantes, sempre pelo método tradicional, é uma referência em Portugal. Fundada em 1898, se localiza em Távora-Varosa, uma pequena DOC encravada nas montanhas, um vale a 600 metros de altura, à margem esquerda do Douro. Távora-Varosa foi a primeira DOC a contemplar espumantes em Portugal, desde 1989, e a região segue como uma referência nacional. Isso graças à qualidade dos espumantes Raposeira e Murganheira (ex-concorrente, e hoje proprietária da Raposeira).
O Raposeira Super Reserva Tinto Bruto é produzido com variedades portuguesas: Touriga Nacional, Tinta Roriz e Tinta Barroca. É produzido pelo método tradicional, e de acordo com o produtor, um período sempre superior a dois anos com a borra.
Ele não tinha safra, mas o representante da importadora disse que era um corte de 2007 e 2008, e tinha acabado de chegar ao Brasil. Era outro nível, muito mais fresco e frutado, sem perder o corpo e a complexidade adquirida em 2 anos (no mínimo) de estágio com as borras em garrafa. Comprei dois, e guardei-os para alguma ocasião em que alguém fizesse um leitãozinho à pururuca.
Sucesso
Comentei da minha intenção com o pessoal da Nossa Confraria, e o personal Chef do grupo aceitou o desafio: encomendou uma leitoa para preparar em nosso encontro seguinte. Servido com batatas assadas, tomatinho confitado, brócolis, e uma salada de rúcula, tomate, burrata e molho de azeitonas, ficou com a carne 'derretendo', e pele crocante, como é pra ser.E é claro, o espumante caiu bem demais. De cor rubi intensa, era praticamente impossível visualizar a perlage, mas a alta coroa de espuma tingida de violeta não deixava dúvidas de que a bebida gozava de plena saúde. O aroma tinha frutas vermelhas maduras no primeiro plano, e especiarias no segundo, bom volume, boa acidez, bom corpo, e muito tanino. Eles eram ressaltados pelo gás; mas é aí que entra a harmonização: a gordura do prato dava conta de todo o tanino da bebida, 'resolvendo' o excesso de informação. Os taninos e o gás, por sua vez, 'limpavam' a gordura da boca, deixando-a sempre fresca e pronta para mais uma garfada.
Desculpe estar comentando sobre um artigo de 3 anos atrás. Apenas quero dar um testemunho sobre uma experiência que fiz ontem. Tomei um espumante tinto reserva Aliança da Bairrada. Acompanhei ele com um prato muito polêmico. Um peixe filhote ao tucupi. Foi uma excelente combinação.
ResponderExcluirO espumante tinha as mesmas caracteristicas do Raposeira. Não era um prato gorduroso mas o tucupi se comportou bem. Abraço.
Olá Aurelio,
Excluirnão há do quê se desculpar. Perlo contrário, agradeço-lhe pelo seu testemunho. Realmente foi uma harmonização fora da caixa, que bom que deu certo!