24 de setembro de 2017

X Decima Gran Reserva Blend 2008

Há pouco tempo, um amigo trouxe em casa uma garrafa do X Decima Gran Reserva Blend 2008. Ele disse que tinha lhe custado apenas R$60, um preço bem atrativo para um vinho com 9 anos de guarda. O vinho me chamou a atenção pela sua complexidade aromática e sua estrutura, que combinava corpo elegante com taninos bem presentes. Até encomendei uma garrafa para prová-lo com mais calma.


De Piagentini a Dexma

A origem da marca X Decima está na vinícola Piagentini, original de Andradas, MG. A Piagentini construiu sua imagem com a produção de vinhos de mesa, de garrafão; mas em 2003, resolveu investir no ramo de vinhos finos, e contratou o enólogo uruguaio Alejandro Cardozo para conduzir o projeto, produzindo vinhos na Serra Gaúcha, a partir de uvas compradas de terceiros.

Para não contaminar a percepção do potencial consumidor, o novo projeto ganhou marca própria. O nome escolhido foi X Decima, em homenagem à legião romana comandada por Julio César. A empresa também mudou seu nome para Grupo Decima, em 2007, mantendo a Piagentini como uma marca do seu portfólio. O sucesso do projeto alçou Alejandro Cardozo como uma referência nacional na produção de espumantes. E de acordo com o CEO do grupo, Luiz Travesso, hoje a linha já representa 25% da receita do grupo.

Apesar disso, nos últimos meses, surgiram rumores de que o projeto seria interrompido. A falta de atividade dos mídias sociais e o fato de que a última safra de tintos era 2008 corroboravam essa impressão. Mas conversando com Luiz Travesso, ele me confirmou que o hiato se deveu a safras ruins, em que optaram por não produzir os vinhos; e a safra 2012 já está a caminho.

Além disso, a marca está em processo de renovação. Isso porque a intenção do nome Decima era que fosse escrito sem acento, e pronunciado em italiano; mas a similaridade com a palavra em português frustrou a intenção do marketing. A nova marca Dexma, foi pensada para não gerar mais confusão na pronúncia e escrita.


Gran Reserva

O vinho tem sido feito apenas nas melhores safras, podendo variar a composição, dependendo da qualidade das uvas, em cada ano. Em 2008, o corte contou com Merlot, Tannat, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Petit Verdot. Ele estagiou por 36 meses (3 anos) em barris de carvalho americano, de 1º, 2º e 3º usos; e finalmente foi engarrafado em dezembro de 2013, pelo que atesta o contra-rótulo.

De cor rubi intensa, e com leve halo aquoso, o visual demonstrava que ainda tinha muito tempo pela frente. O perfil aromático - frutas negras, fumo, terra úmida, tostado e especiarias - tinha boa complexidade, com madeira bem integrada, e perfil de um clima frio. Com uma boa aeração, começou a mostrar notas balsâmicas. De corpo médio, alta acidez, taninos intensos, álcool (13,9%) bem integrado e boa persistência aromática. Mesmo assim, creio que ainda não atingiu seu ápice, e deve melhorar com mais alguns anos.

Eu não encontrei o vinho em estoque em nenhum lugar, nos últimos meses. Mesmo sem estoque, encontrei referências de preços entre R$75 e R$100. É um valor mais caro do que meu amigo obteve, mas mesmo assim, é difícil achar um vinho brasileiro nessa faixa de preço que tenha qualidade equivalente.

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