21 de fevereiro de 2018

Cascina Adelaide Barbera D'Alba Superiore Vigna Preda 2007

Além da grande tradição e reputação, a região do Piemonte possui uma grande diversidade de vinhos. No entanto, às vezes a imensa fama dos Barolos e Barbarescos ofusca outros vinhos da região. Se focamos demais nessas classificações mais famosas, corremos o risco de desprezar e perder outros grandes vinhos que o Piemonte tem a oferecer. Eu tive essa sensação quando um amigo trouxe um 'puta' de um Barbera D'Alba para tomarmos. Tratava-se do Cascina Adelaide Barbera D'Alba Superiore Vigna Preda 2007.


As origens da Cascina Adelaide são de 1817, resultado da união de um grupo de viticultores ao redor de Barolo. Mas a história recente começou em 1999, quando foi adquirida por Amabile Drocco, que apesar da origem vinhateira da família, fez a vida na área de engenharia mecânica, com uma fábrica de maquinário para a indústria alimentícia. Desde então, a empresa vem aumentando sua área de vinhedos, e em 2004, inaugurou uma nova adega, moderna e de design arrojado.

A empresa possui 12 hectares de vinhedo, todos dentro da DOCG Barolo; e a maior parte (10ha) é cultivada com a Nebbiolo[**]. No entanto, eles dedicam uma pequena área a outras variedades típicas da região, como é o caso da Barbera. Vigna Preda é um vinhedo de 3,64 ha[*], localizado muito próximo à cidade de Barolo, de onde vêm as uvas que deram origem a este vinho.

A ficha técnica conta que as uvas são propositalmente colhidas ligeiramente sobremaduras, o que incrementa a maturação fenólica, mas corre o risco de dimunuir a acidez final do vinho. Elas são colhidas a mão, e levadas rapidamente à adega, onde são esmagadas para o início da fermentação. O vinho permanece por aproximadamente 250 horas em contato com as cascas (pouco mais de 10 dias). Parte estagia em tonéis de 1500 litros, e o restante em barricas (225L), por um período mínimo de 12 meses, para ganhar a qualificação de Superiore.

Já com 10 anos de idade, o vinho já mostra alguma evolução, mas ainda goza de muita saúde. Tinha cor rubi intensa, aromas de frutas negras, tendendo a compota, notas mentoladas, de especiarias, e de cogumelos funghi. Na boca, é possível perceber que a decisão de deixar as uvas sobremaduras não comprometeram em nada a acidez. Corpo médio, taninos muito macios, boa acidez, e boa persistência.

Ele acompanhou com perfeição um magret de pato ao molho de cacau, com risoto trufado. Apesar de normalmente o pato ir melhor com um branco encorpado, o molho de chocolate pedia um tinto, e o vinho foi bem a calhar. Mas a combinação realmente especial foi com o trufado do risoto: os dois produtos mais famosos do Piemonte, vinho e trufas, se reencontraram em perfeita harmonia!

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