De monastério a adega
Neste ponto do rio, há uma ilha dominada por um antigo monastério beneditino, que data provavelmente do ano 778 AD. Entre 1585 e 1588, o monastério ganhou uma adega subterrânea, construida para proteger o vinho do risco de congelamento. O complexo monástico recebeu ainda sucessivas extensões até 1744, quando adquiriu o seu formato atual.Em 1862, o monastério foi dissolvido pelo Conselho Cantonal de Zurique, tendo sido convertido em um hospital; e a adega do complexo passou a ser responsável pelo fornecimento de vinho a todos os hospitais cantonais, dando início à Staatskellerei Zürich. A empresa passou então a comprar e processar as uvas de boa parte dos viticultores da região. Hoje, processando uvas de 90 viticultores, é um dos maiores produtores de Zurique (o que não significa muito, em função da modesta produção da Suíça alemã).
Foto aérea do antigo monastério (fonte: site do complexo turístico) |
AOC Zürich
A parte alemã da Suíça tem uma produção pequena por um bom motivo: o clima muito frio traz dificuldade ao cultivo e maturação adequada das uvas. Assim como na Suíça em geral, grandes massas de água - como rios e lagos - são fundamentais para auxiliar na maturação das uvas, além de evitar geadas que possam danificar as plantas durante o ciclo produtivo.O cantão de Zürich contém a maior produção da Suíça alemã, graças sobretudo ao lago de Zürich, e ao rio Reno. A área onde fica Rheinau, banhada pelo Reno e afluentes, é chamada de Weinland, ou terra do vinho (pelo menos na perspectiva de Zürich). Mesmo com a presença de rios e lagos, não são muitas variedades que alcançam uma maturação adequada. Com a preferência do consumo local por vinhos tintos, a Pinot Noir ocupa 50% dos vinhedos. O restante é composto principalmente de variedades de origem alemã (como Müller-Thurgau, Regent, Räuschling).
O Pankraz Pinot Noir Prestige Barrique 2013, AOC Zürich, foi produzido pela Staatskellerei Zürich. É 100% Pinot Noir, e estagiou por 12 meses em barricas novas de carvalho francês, além de adicionais 6 meses em barris históricos - de mais de 150 anos - da época do monastério.
Em climas muito frios, os vinhos tendem a exibir maior acidez, taninos mais ásperos, e aromas mais vegetais. O Pankraz tinha algumas dessas características: cor rubi de baixa intensidade, aroma com pouca fruta, bastante vegetal (chá verde, folhas murchas) e terroso (cogumelos, terra úmida), além de tostado e baú velho (certamente devido aos estágios em barril novo e velho, respectivamente). Tinha corpo leve, taninos pouco intensos, porém rústicos; só faltou a acidez, que era mediana. Talvez, já estivesse em declínio, pela idade.
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