10 de janeiro de 2019

Marco Luigi Champenoise 10 Anos Nature 2005

Dentre os poucos processos de produção de espumantes, o método tradicional - ou Champenoise - é considerado o mais nobre. Champenoise faz referência a Champagne, e os franceses não gostam que se use esse nome em vão, quer dizer, em produtos que não sejam da região de Champagne. Por isso, é mais adequado usar o nome método tradicional, mas se trata da mesma coisa. E os grandes espumantes do mundo são produzidos por este método.


Creio que a maioria dos leitores já deve saber, mas caso alguém não saiba, o método tradicional consiste em duas fermentações: a primeira gera um vinho-base, com álcool, mas sem gás; e a segunda fermentação, já em garrafa, é a que gera o gás. Uma parte fundamental desse processo é deixar o líquido em contato com as leveduras, que morreram após completar a segunda fermentação. As leveduras vão se dissolvendo no líquido com o tempo (autólise), dando-lhe a complexidade esperada.

A duração desse período é uma medida da qualidade do espumante: quanto mais tempo, mais complexo, e mais caro. Champagnes 'básicos' permanecem por no mínimo um ano; e os vintages, mínimo 3 anos. Outras denominações de origem também definem categorias baseadas no tempo em que as garrafas repousam com as leveduras dentro.

O que esperar então de um espumante que permanece 10 anos com as leveduras? A expectativa é alta, e aí mora o risco da decepção. O Marco Luigi Champenoise 10 Anos Nature 2005 é produzido de uvas Chardonnay e Pinot Noir - as mesmas de Champagne, e de forma recorrente, as mesmas usadas nos principais espumantes do Brasil e do mundo. As uvas são todas provenientes de uma única safra, 2005, o que normalmente só ocorre nos melhores espumantes. E no dégorgement, processo em que se retiram as leveduras que ainda restam, não foi adicionado nenhum licor de dosagem, nenhum açúcar; por isso, é classificado como Nature.

Todo esse tempo com as leveduras resulta em um espumante bastante evoluído, de cor dourada pálida e com pouco brilho, perlage muito fino mas não tão intenso, além de aromas de panificação (brioche, torrada, massa crua, fermento). E isso, o espumante entregou. No entanto, na minha opinião ficou devendo em fruta e frescor; tinha pouca acidez e, com isso, o final de boca mostrou um toque amargo.


Não foi um problema associado a uma só garrafa, já que provei de 3 diferentes, em dias diferentes. Além disso, não fui o único a ficar desapontado. O Douglas, da Adega do Chamon apontou os mesmo problemas. Enfim, tinha alta expectativa quanto a esse espumante, mas infelizmente ele não correspondeu. Quando tiver a oportunidade, ainda quero provar outros espumantes do produtor, da linha reserva.

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