Como assinante do Vinhoclube Ouro, meu pai está sempre cheio de vinhos tintos; e quando vou pra BH, ajudo a baixar um pouco o estoque. São vinhos de categoria básica, mas de vez em quando tem algum que surpreende.
Quem diria que o melhor dentre eles seria este, em um rótulo descolado, com um desenho caricatural de uma senhora aristocrata, em um vestido de gala, cheia de jóias, segurando seus óculos tipo lorgnette. O vinho se chama Madame Bobalú 2016, e faz referência à variedade de uva com que é feito, chamada Bobal, típica da região de Valencia. Apesar de ser uma das mais cultivadas da Espanha, ela não tem uma reputação de grandes vinhos, pois é muito produtiva, e por isso tende a produzir vinhos simples e sem estrutura. Era o que eu esperava, vendo um Bobal em um rótulo desses, mas me enganei redondamente.
Sua cor rubi de intensidade média, com seus reflexos violáceos, já davam o indício que não se tratava de um vinho ralo. No aroma, o vinho era bastante expressivo, com frutas vermelhas maduras, muita erva aromática, e um toque de especiarias. Tinha corpo médio, boa acidez (média+), taninos de média intensidade e macios, álcool equilibrado, e sabor correspondendo aos aromas, com uma média persistência, que ressalta sobretudo as ervas aromáticas.
O vinho é produzido pelas Bodegas Volver, a mesma que produz o Tarima Rosado, já comentado aqui. Ele é produzido a partir de um vinhedo com idade média de 25 anos, localizado na parte mais baixa de Valencia, onde o clima é decididamente mediterrâneo. Passou por fermentação alcoólica e malolática em tanques de inox, com posterior estágio de 6 meses em barricas francesas.
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