Na reunião de final de ano da Nossa Confraria, o nosso confrade-chef Alê se prontificou a fazer uma paella de frutos do mar. Ainda não provei um vinho que case melhor com uma paella do que um bom rosé mais encorpado. O vinho precisa ter intensidade, senão vira água, o que ocorre com a maioria esmagadora dos brancos. Um tinto leve, pode ser, mas não casa tão bem com os frutos do mar, nem com a pimenta, daí o rosé estruturado entra como uma opção ao tinto, um pouco mais fresca, sem atropelar os frutos do mar, e sem sumir diante da intensidade de temperos.
Infelizmente, estava sem nenhum rosé em casa, e temi que compras pela Internet poderiam não chegar a tempo, por isso saí à procura de um. Encontrei na nova loja da World Wine em Campinas, um que me pareceu adequado. Trata-se do Serbal Malbec Rosé 2017, produzido pela Bodega Atamisque, em Tupungato, Província de Mendoza. É uma nova vinícola, estabelecida em 2007 no Vale do Uco, projetada para que o vinho possa passar pelas etapas de produção sem bombeamento, sempre por gravidade. A propriedade possui 125ha de vinhedos, com média de 1300m de altitude, e ainda compra uvas de terceiros. A colheita é sempre feita a mão, nas primeiras horas do dia; e passam por dupla seleção (cachos e bagos).
O Serbal Malbec Rosé é feito com 2 dias de maceração a frio, o que resulta na cor mais intensa. Após essa etapa, o mosto é trasfegado para o tanque onde ocorrerá a fermentação, que dura 18 dias. Em seguida, o vinho descansa por 3 meses, sem fermentação malolática, antes de ser engarrafado. O resultado é um vinho de cor cereja intensa, corpo médio/alto, média acidez, com álcool equilibrado, e aroma franco de frutas vermelhas, bem maduras. Eu gosto bastante dos Malbecs rosados argentinos - bem mais do que dos tintos - e este, com um pouquinho mais de corpo que a média (como eu buscava), não fugiu à regra.
Com relação à harmonização, creio que foi bem, tanto que acabou antes de eu poder tirar a foto da garrafa (sendo que outras opções estavam para mais da metade). Se não foi perfeito (seria preciosismo?) é porque creio que um toque herbáceo - que a Malbec realmente não tem - teria se integrado de forma positiva a alguns componentes da paella, como a lingüiça e o açafrão.
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