Há quatro anos, nos reunimos pela primeira vez na casa de um confrade da Nossa Confraria, e na ocasião, ele nos mostrou a sua 'adega'. Tratava-se do fundo do armário do quarto, onde ele deixava os melhores vinhos (os vinhos do dia-a-dia, ele mantinha na despensa, mesmo).
Um desses vinhos era o Malamado Viognier 2013, um vinho branco fortificado, produzido pela Bodega Zuccardi, na Argentina. Eu já conhecia a versão tinta, o Malamado Malbec, um vinho bem conceituado pelos especialistas, como uma boa alternativa ao Porto Ruby. Eu não adorei o Malbec, por uma questão de estilo (também não sou fã do Porto Ruby), mas fiquei muito curioso a respeito da versão branca, porque este sim é um estilo 'com a minha cara', e pedi ao nosso confrade que abrisse aquela garrafa com a gente, pra eu provar.
Alguns anos se passaram, vários encontros, e ele sempre trazia outros vinhos, nunca o Malamado. Eu até pensei que já o tivesse tomado. Finalmente, este ano, ele trouxe o vinho, após 4 anos guardados no fundo do armário. Ele o abriu para acompanhar a sobremesa, um entremet de avelãs, pêra e chocolate. Após 4 anos de fundo de armário, o vinho estava impecável!
Sua bela cor âmbar de intensidade média/alta ainda apresentava muito brilho, indicando a vivacidade. O aroma intenso correspondia a um colheita tardia, com notas de pêssego em calda, damascos secos, avelãs, mel caramelo e flores de amendoeira. Era bem doce e de corpo médio/alto, mas com alta acidez que trazia frescor, e dava vontade de beber mais. E o final, apropriadamente longo, como se espera de um bom vinho doce. Na harmonização com a sobremesa, o chocolate era um desafio, mas devido ao tipo do preparo da camada de chocolate, a parte de chocolate não estava tão intensa, nem muito untuosa, de forma que o vinho tirou de letra.
O episódio rendeu as seguintes conclusões: primeiro, que o Malamado Viognier é um belo de um vinho doce; segundo, vinhos não são assim tão frágeis; e terceiro, que o fundo do armário é um lugar bem razoável para se guardar o vinho por um médio período de tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sintam-se livres para comentar, criticar, ou fazer perguntas. É possível comentar anonimamente, com perfil do Google, ou com qualquer uma das formas disponíveis abaixo. Caso prefiram, podem enviar uma mensagem privada para sobrevinhoseafins@gmail.com.